Por que alguns peixes têm cores, e outros não?

Você já reparou na infinidade de cores do mundo aquático? Apesar disso, os peixes coloridos são minoria. “A grande maioria dos peixes possui somente duas cores: cinza, geralmente no dorso; e branco na região do ventre”, esclarece o médico-veterinário Arsênio Baptista, especialista da Clínica Veterinária Tukan e da Aquality – Assessoria em Ambientes Aquáticos. Dessa forma, acredita-se que o acinzentado dorsal ajuda a torná-los menos visíveis quando vistos de cima, e a porção mais clara, inferior, como camuflagem quando vistos por baixo.

Todos os peixes são dotados de células especializadas, os cromatóforos. “Cada cromatóforo tem um tipo de pigmento e, consequentemente, diferente cor (inclusive o preto). Os cromatóforos possuem capacidade de expansão e retração, determinando variação na intensidade de cor observada, como que ‘diluindo’ a cor visível. Essas expansões e retrações podem ser bastante rápidas em alguns peixes, permitindo variação súbita da cor e intensidade, o que auxilia processos como a camuflagem, recurso que não é somente de defesa, mas também de ataque dos predadores, que podem se aproximar sem serem vistos”. Os pigmentos dos cromatóforos têm duas origens: alguns são sintetizados pelo peixe a partir de aminoácidos oriundos de proteínas ingeridas, outros já vêm “prontos” no alimento ingerido – ou seja, a dieta do animal é a grande responsável por suas cores.

Percentualmente, a quantidade de espécies coloridas de água doce é maior do que aquelas de água salgada, no entanto, o número absoluto de espécies marinhas é muito maior, dando a impressão inversa. Outro equívoco comum é achar que não há peixes de água doce tão coloridos como os marinhos.

Vida de aquário

Como você deve imaginar, os peixes não podem encontrar no aquário os alimentos originais disponíveis no ambiente natural. Por isso, tudo que for oferecido pelo aquarista deve permitir aos peixes as mesmas cores observadas na natureza. “Daí a importância de garantir alimento de qualidade a esses animais”, reforça o veterinário. A variação de temperatura também interfere no metabolismo dos animais, e consequentemente, em sua coloração. Isso também vale para o aquário. “A temperatura deve ser mantida na faixa ideal das espécies ali mantidas. A desobediência dessa regra leva à diversos problemas, inclusive em relação ao colorido dos peixes”.

As cores, além da importância para a defesa e para o ataque, têm papel também durante a reprodução, sendo que em muitas espécies os machos têm cores diferentes das fêmeas. Essas cores têm participação fundamental no ritual de dominância (hierarquia) e de seleção e estimulação dos parceiros até o acasalamento propriamente dito.

Qualquer alteração de cor em um ou mais peixes dentro de um aquário pode indicar que algo está errado, desde um quadro patológico, um desajuste nutricional, uma alteração da temperatura ideal da água, uma situação de subordinação ao(s) dominante(s), entre outros. “Qualquer dessas causas pode, em pouco tempo, levar à alteração de saúde geral por desnutrição e até à morte”.

Da Redação
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