“Esse cachorro é gordinho! Que bonitinho!”
É comum ouvir – ou até mesmo proferir – esta frase ao ver algum cachorro acima de seu peso considerado normal. O problema é que esse excesso de gordura no tecido adiposo pode ser, na verdade, um grande problema – que pode afetar a vida do pet de formas sérias. Para entender melhor o que é este excesso e como trata-lo da melhor maneira possível, falamos com a médica veterinária Priscila Farias. “O principal motivo é o excesso de ingestão de alimento que o tutor fornece. Há uma falta de educação cultural para oferecer quantidades determinadas de alimento – é muito comum que o tutor ofereça quantidades sem ter pesado antes e oferecer petiscos –, especialmente aqueles que são da alimentação de humanos”, explica. Mas também há outra possibilidade para este excesso de gordura. “Há desordens metabólicas que podem levar a esse acúmulo. É importante descartar essas doenças metabólicas antes de iniciar um tratamento, já que elas podem levar, também, ao ganho de peso”, alerta.
Antes do tratamento, segundo Priscila, é preciso determinar qual é a porcentagem em que o pet encontra-se acima do peso. “Trabalha-se com uma escala de condição corporal que vai de 1 a 9. O valor adequado é 4 e 5 e, a partir de 6, o pet já está em sobrepeso – o que, em números gerais, representa em torno de 15% acima do peso ideal”, pontua. “A partir desse valor já começa a haver alterações metabólicas, com o animal entrando em um estado de inflamação de baixa intensidade – mas é constante. Ele começa a ter sua saúde comprometida, podendo ter maior predisposição para o surgimento de doenças de vários sistemas (doenças ortopédicas, respiratórias, cardíacas e metabólicas); o risco de desenvolver câncer também aumenta”, conta.
O tratamento
O tratamento para o excesso de tecido adiposo é a perda de peso por meio de uma alimentação de baixa caloria. Priscila explica como o processo acontece. “É utilizado um alimento específico, com as propriedades nutricionais para atender às necessidades do animal, ao mesmo tempo em que se promove uma restrição calórica. O tratamento ideal é aquele conduzido por um médico veterinário especializado em nutrição, que também acompanhará o animal, reparando se tudo está caminhando como o determinado”, conta. “Digamos que um animal precisa perder de 200g a 300g de peso por semana: se perder mais ou menos do que isso, é preciso reajustes. E a porcentagem depende de cada animal – em cães, é de 1% a 3% do peso por semana”, ressalta. A médica veterinária também indica a utilização de alimentos úmidos, já que eles promovem saciedade e evitam que o pet passe fome.
Além disso, é claro, o tutor precisa se reeducar e entender que um animal saudável não é aquele que está acima do peso, mas justamente aquele que se enquadra nas expectativas gerais da pesagem. “É importante levar esta questão a sério, já que o excesso de gordura no tecido adiposo pode levar não apenas a uma série de condições de saúde, como também à redução da expectativa de vida”, completa Priscila.