Se o nome Carassius auratus cair na palavra-cruzada, saiba que ele não se refere a um escritor grego palestrante da última FLIP, tampouco é o nome de algum cineasta revelação de Cannes. Carassius auratus é a espécie do famoso peixinho dourado, também conhecido por kinguio aqui no Brasil.
Se você está pensando em adquirir um kinguio, não terá muitas dificuldades. De acordo com Dr. Arsênio Caldeira Baptista Júnior, médico veterinário especialista em animais aquáticos da clínica Tukan, em São Paulo, “o kinguio é uma espécie dócil e resistente. As variedades mais antigas são mais rústicas e, inclusive, se adequam a laguinhos ao ar livre, suportando sem problema as temperaturas mais baixas, pois não precisam de aquecimento. As variedades ditas mais ‘modernas’ (selecionadas a menos tempo) são relativamente mais exigentes e adaptam-se melhor a aquários”, descreve o especialista.
Por ser um peixe onívoro, o cardápio do kinguio é bem variado. “Na natureza, alimenta-se de tudo um pouco: pequenos insetos, vegetais, crustáceos etc. Seu sistema digestivo está adaptado para este tipo de alimentação e, por isso, necessita receber dieta adequada. Uma dieta imprópria, como a formada por ração para peixes carnívoros, inevitavelmente acarretará problemas de saúde. São muito comuns os quadros de constipação intestinal na espécie, principalmente pelas causas citadas. O lado bom é que existem no comércio diversas rações próprias para kinguios”, explica Dr. Arsênio.
Fique atento à idade do seu kinguio, pois, normalmente, eles são comercializados jovens e vão crescer muito no aquário do proprietário. “Um kinguio adulto chega a comer e, consequentemente, defecar, o equivalente a quatro exemplares jovens! Assim, cada exemplar jovem necessita de 5 a 10 litros de água no aquário. Quando adulto, essa conta vai para 10 a 30 litros para cada peixe. O que se vê, comumente, são aquários com filtragem e volume insuficientes para o cardume de kinguios que vive lá. Portanto, o aquário ou tanque para kinguios precisa ter um dimensionamento de filtragem eficiente, pois são peixes considerados grandes”, alerta o médico veterinário.
Apesar de serem dóceis, para criar seus kinguios com outros peixes, alguns aspectos devem ser levados em consideração. “O kinguio pode ser mantido com outras espécies de mesmo perfil, mesma ‘atitude’ (tranquilos, com dieta onívora e tolerantes a temperaturas mais frias) sem problema. Sempre é conveniente evitar discrepância exagerada de tamanho. O kinguio não é predador, mas o que couber na sua boca passa a ser alimento”, ressalta Dr. Arsênio.
Segundo o especialista, “a ressalva a ser feita é de que são peixes relativamente lentos. Assim, se misturados com outros peixes dóceis, porém rápidos, estarão em desvantagem quanto à competição pelo alimento. Exceto por isso, outras espécies calmas e que não tenham o hábito de mordiscamento de nadadeiras (as dos kinguios são muito ‘atraentes’) podem conviver com eles”, conclui o médico veterinário.