Se você tem um gato, sabe da independência do bichano ao dar suas voltas por ai. Já se acostumou com o sumiço e retorno para casa como se nada tivesse acontecido. No entanto, o passeio do pet dono de si pode trazer um perigo: a Peritonite Infecciosa Felina.
O nome é assustador e a doença é grave. Causada por uma mutação do Coronavirus Entérico Felino (FECV), é mais comum em gatos que vivem em regiões de altas densidades populacionais.
De acordo com a médica-veterinária Helena Oliveira, o risco de contágio é maior em ambientes com grande quantidade de animais porque “a principal forma de transmissão do vírus é por meio das fezes contendo o vírus. Há também a transmissão, mesmo em menor quantidade, pela saliva de animais portadores. Quanto mais contatocom outras espécies, maior o risco”, diz.
Como identificar a doença?
Os sinais aparecem nas formasefusiva (úmida)e não efusiva (seca). “A forma seca envolve principalmenteo sistema nervoso central, e a forma úmida se manifesta majoritariamente na forma de líquidos nas cavidades, no tórax ou no abdome”, diz a veterinária.
Os sinais não efusivos são marcados por:
-Convulsões;
-Patas descoordenadas;
– Inclinação da cabeça;
– Cegueira;
– Alterações comportamentais.
Os sinais efusivos são os mais comuns:
– Inflamações em estruturas oculares como úvea, córnea e retina;
– Infecções respiratórias;
– Aumento dos linfonodos intestinais por inflamações;
– Desidratação;
– Perda de peso;
– Falta de apetite;
– Letargia (apatia);
– Icterícia (coloração amarelada na pele);
– Febre.
Por que a PIF é tão grave?
Helena explica que a doença é grave porque não tem cura. “Infelizmente, apesar de alguns relatos de tratamentos eficazes, a maioria dos animais não responde de maneira efetiva, fazendo com que a PIF seja considerada uniformemente fatal, mesmo com cuidados de suporte.”, explica.
Os cuidados de suporte são para minimizar o sofrimento. “Cuidamos de forma paliativa com medicamentos, drenagem dos líquidos do abdome e tórax. É recomendado também que a alimentação seja livre, prezando sempre pela qualidade de vida do animal,enquanto ele tiver condições”, afirma a veterinária.
Apesar de ser assustador e fatal, o vírus que causa a PIF não se manifesta em todos os gatos que são contaminados. “A teoria mais atual e mais aceita sobre a patogenia da PIF é a de que o vírus sofre mutação apenas em gatos imunologicamente suscetíveis e comprometidos, o que ocorre, felizmente, em poucos animais.”, explica Helena.
Ainda não se sabe quais os fatores são determinantes para a mutação acontecer apenas em alguns gatos. No entanto, há condições que contribuem para isso acontecer, como presença de outras doenças, estresse e susceptibilidade genética.
Como evitar exposição do gato ao vírus?
Como a doença é grave e fatal, resta ao tutor evitar o contato com o vírus. “A principal forma de prevenção seria evitar a introdução de novos animais em ambientes onde passaram gatos diagnosticados com a doença.”, diz a veterinária.
Outra forma de evitar seria a vacina, mas há controvérsias na recomendação. “Embora ela se mostre segura, a eficácia é questionável. Ela apresenta imunidade de curta duração eapenas gatos soronegativos mostram alguma proteção. Além disso, a vacina não é licenciada para filhotes com menos de 16 semanas de vida. Essa é a faixa etária em que os animais se expõem ao vírus em locais endêmicos, o que torna a vacinação irrelevante”, conclui.