Já muito comum na China e em países orientais, as terapias complementares vem ganhando espaço nos países ocidentais, especialmente no Brasil. Elas podem ser complementares ou uma alternativa à medicina tradicional. A pesquisadora Juliana Martins explica que “entre as terapias encontramos a acupuntura, o reiki, a hidroterapia e hidromassagem, a homeopatia, a ozonioterapia e muitas outras”.
O uso de terapias complementares em animais vem crescendo a cada ano e de acordo com a Associação Americana de Hospitais Animais, mais de 20% dos donos já recorrem aos tratamentos alternativos para tratarem seus pets. As mais comuns são a homeopatia, as massagens e a aromaterapia. A procura também é grande devido ao valor, principalmente dos medicamentos, que acabam sendo inferiores aos da medicina tradicional.
Segundo Martins, “alguns profissionais são levados a crer que somente os dados objetivos, obtidos através de exames, têm valor, e quanto mais sofisticados eles forem, melhor; com essa visão, o profissional esquece-se de olhar para o paciente e consequentemente perguntar o que ele está sentindo.”. E é justamente esse o ponto das terapias holístico-alternativas: olhar o indivíduo como todo.
Hidroterapia
Nas últimas décadas, a Hidroterapia sofreu um grande impulso devido a sua utilização sistemática, usada na recuperação de deficiências físicas e na medicina esportiva. Nos animais, já é utilizada há algum tempo, especialmente em cavalos competidores. Utilizando a água, a técnica usa de exercícios para recuperar ou melhorar a desempenho de grupos musculares.
A hidroterapia é indicada para alívio da dor, tensão e inchaço; fortalecimento dos músculos e manutenção; alívio de espasmos musculares; aumento da amplitude de movimento das articulações; melhora da circulação sanguínea; melhora da condição física (pulmões e coração); melhora na cicatrização; aumento da velocidade de recuperação de lesões. Todas essas indicações são possíveis principalmente ao efeito da água morna e sua capacidade de ser um “anti-inflamatório natural”, que ajuda a reduzir o inchaço e a dor. Além disso, ela é indicada para cães obesos, que não poderiam se exercitar no solo por causa de possíveis sobrecargas nas articulações.
Existem três modalidades: a hidroterapia em locais maiores a hidroesteira e até mesmo a natação, cada uma com seu benefício. Na hidroesteira o animal caminha, assim como o próprio nome diz, em uma esteira dentro da água morna, que ajuda na diminuição do impacto sobre as articulações. Ela é ideal para tratamentos de condições como artrites, paralisias musculares, obesidade e na recuperação de cirurgias ortopédicas.
Massoterapia
Massoterapia é o termo utilizado para designar certas manipulações dos tecidos moles do corpo. São efetuadas com maior eficiência com as mãos e são realizadas com a finalidade de produzir efeitos sobre os sistemas nervoso, muscular e respiratório. Promovem a ativação da circulação sanguínea e linfática, tendo efeitos localizados e sistêmicos.
A massoterapia ajuda a diminuir a tensão nos músculos, diminuindo a dor do animal e quebrando o ciclo contínuo de dor e tensão. Assim como em humanos, a massagem, quando utilizada no tratamento, aumenta a circulação de sangue na região massageada, o que auxilia na oxigenação e aumenta a drenagem linfática e venosa. Isso faz com que aumente o retorno nas funções dos músculos e crie uma sensação de alívio.
Acupuntura
Utilizada pelos chineses a mais de cinco mil anos, há pouco conquistou o reconhecimento pelo Conselho Regional de Medicina Brasileiro. É uma das técnicas mais usadas e comuns em nosso país, indicada para o tratamento de diversas doenças e sintomas, como dores na coluna, articulares e musculares, doenças crônicas, problemas de pele, imunidade, paralisias faciais e de membros, entre muitos outros.
Com agulhas finíssimas próprias para a prática, a técnica da acupuntura consiste na aplicação do material na pele dos animais, sendo inseridos superficialmente ou até mesmo alguns centímetros adentro, penetrando pele e músculos. Isso causa estímulos no corpo do animal, que levarão respostas ao organismo, ocasionando cura ou controle de doenças, ou mesmo ajudando no quadro de bem estar do animal.
Martins lembra que a acupuntura veterinária só deve ser praticada por profissionais especializados, que irão dar o diagnóstico correto antes de iniciar qualquer tipo de tratamento. “A acupuntura pode proporcionar um ou mais efeitos terapêuticos nos animais”, explica. “São eles: Efeitos terapêuticos locais, que consistem em tratar à área afetada próxima a lesão; efeitos terapêuticos remotos, onde são tratadas áreas distantes a área afetada; e efeitos terapêuticos especiais, onde condições e sintomas são tratados, como por exemplo, náusea e vômito. Hoje, inclusive, cães com cinomose conseguem superar a doença, como não conseguiam antes”.
Reiki
O reiki é usado há milhares de anos, sendo uma técnica suave e não invasiva, que utiliza das mãos para canalizar energia, limpando o organismo do paciente, eliminando toxinas e reestabelecendo energia. Ele atua em quatro aspectos: físico, emocional, mental e espiritual.
A terapia nos animais age da mesma maneira que nos humanos e pode ser utilizada para tratar distúrbios comportamentais (como agressividade, hiperatividade, estresse, ciúmes, etc.) e também no tratamento pós-cirúrgico, ajudando no processo de cicatrização.
Ozonioterapia
A ozonioterapia é usada desde o século 19, principalmente na Alemanha, onde ocorreram os primeiros testes. Inicialmente, era usada para combater infecções de ações bacterianas e germes na pele humana, principalmente durante a Primeira Guerra Mundial.
“Na Medicina Veterinária, a ozonioterapia, vem sendo utilizada amplamente em diversas patologias infecciosas bacterianas, virais ou fúngicas, em casos ortopédicos com patologias degenerativas, traumáticas e infecciosas, patologias vasculares, autoimunes, neoplasias e patologias neurológicas. A terapia funciona muito bem em casos de artrite e artrose séptica, tendinites, úlceras e afecções cutâneas, problemas dermatológicos, entre outros.”, explica Martins.
Células tronco
Conhecia também por medicina regenerativa, as células tronco já são realidade em tratamentos para animais, garante Martins. Devido a sua capacidade de se diferenciar em diversos tipos de células, quando introduzidas no organismo do animal, passam a adquirir a forma e a função das células locais, possibilitando reparo de órgãos e tecidos. Além disso, ao contrário de tratamentos tradicionais, com uso de medicamentos, o tratamento com células tronco não é agressivo ao organismo e não gera efeitos colaterais