É completamente normal seres humanos que não são acostumados com répteis estranharem os bichinhos desta classe em um primeiro encontro. Mas podemos garantir que é só falta de costume mesmo, pois, uma vez que você fizer contato com um Teiú, irá se apaixonar pelos lagartos e seus parentes!
“O Teiú é um réptil de ocorrência nacional, também sendo encontrado na Argentina, e foi introduzido de maneira ilegal em outros países, como exemplo os Estado Unidos da América, causando problemas às espécies locais”, relata Carlos Alexandre Pessoa, médico veterinário especialista em clínica médica e cirúrgica de animais silvestres, proprietário da clínica Animal Exótico, de São Paulo, e diretor da empresa CURSOS.VET.BR.
Assim como os cães e gatos, os teiús podem viver por mais de uma década quando não estão no meio selvagem. Segundo Dr. Carlos Alexandre, “é sempre difícil falar sobre a longevidade de algumas espécies, mas podemos dizer que, em média, vivem 15 anos em cativeiro. O mais comumente encontrado como pet é o Tupinambis merianae”, esclarece.
Quem deseja ser tutor de um Teiú não pode esquecer que ele não é do tamanho de uma lagartixa e pode crescer consideravelmente. “São animais que podem alcançar 1,40 m de comprimento e pesar mais de 5 kg. Podem botar mais de 30 ovos, que em condições adequadas de umidade e temperatura, eclodem entre 60 e 90 dias. A alta umidade interfere na incubação e muitos ovos são perdidos pela contaminação por fungos. A incubação artificial deve seguir rígidos padrões de higiene e controle adequado tanto da temperatura, quanto da umidade”, alerta o especialista.
Digamos que ele é um bicho glutão e come, praticamente, de tudo! “Os Teiús são onívoros e, em cativeiro, são alimentados com frutos, legumes, ração para lagartos, ovos, carne, neonatos, entre outras fontes de alimento. Nunca indico fornecer alimento vivo aos animais, seja um lagarto, serpente ou quelônio, pois o animal que serve de alimento sofre até que seja abatido pelo predador. Em vida livre, quando adultos, os teiús se alimentam também de frutas, insetos, pequenos roedores e lagartos, aves, ovos, dentre outros alimentos”, descreve.
Para o habitat do animal, é necessário recriar aspectos climáticos dos trópicos. “Terrários amplos, com temperatura e umidade para clima tropical, lâmpada UVB, com água fresca sempre disponível, com oferta de tocas, são os mais adequados para estes animais”, orienta o especialista.
Dr. Carlos Alexandre adverte que é preciso ter um cuidado extra com o aquecimento por condução. “As tocas ou pedras aquecidas, por exemplo, podem quebrar, alcançando temperaturas elevadíssimas, queimando os animais”, ressalta.
Apesar dos Teiús terem sido domesticados, a agressividade pode se manifestar em alguns animais. “Nos mais de 20 anos de experiência, acompanhei este comportamento [agressivo] presente em desde animais muito jovens até adultos, sendo que a grande diferença é que a pequena lesão dolorosa causada pela mordida de um Teiú jovem não pode nunca ser comparada com a mordida de um macho adulto. As lesões podem ser sérias, sem contar o risco de infecção do local da ferida pelas bactérias contidas na boca destes animais, o que também ocorre quando somos mordidos por um cão ou gato”, conta Dr. Carlos Alexandre.
Para finalizar, fique atento à legislação sobre a comercialização destes animais: a única maneira de ter um Teiú hoje em dia é adquirindo-o de outro proprietário, fazendo a transferência da documentação do animal (nota fiscal, comprovação de origem e registro no IBAMA etc). De acordo com a lei vigente, o comércio do Teiú só poderia ser praticado diretamente pelos criadouros – que já não existem mais há alguns anos no país.