A gente tenta resistir, fala que não pode adotar outro bichinho porque já tem um em casa, mas não adianta. Muitos tutores, verdadeiramente apaixonados por animais, não resistem e acabam aumentando a família pet. Porém, como fazer com que o seu cão – membro do grupo há tempos – se dê bem com um novo gatinho, por exemplo?
“No caso de um novo gato, em uma casa onde já há um cão, os cuidados devem se concentrar em proporcionar um ambiente harmonioso, sem esquecer que cada espécie tem suas particularidades. Os cães são muito curiosos e podem acabar sendo afoitos com os gatos que, por sua vez, podem não entender e não gostar da aproximação abrupta”, explica Thamires Pacheco, adestradora da equipe Cão Cidadão, empresa especializada em adestramento em domicílio e em consultas de comportamento animal, que atua em diversas regiões do país.
É preciso fazer um “ensaio” para o encontro tête-à-tête dos animais. “Podemos fazer com que eles se familiarizem um com o cheiro do outro usando panos, cobertores ou toalhas, que devem ser levemente esfregados no animal para que ele fique cheio de ‘informações’ e, depois, associamos este cheiro positivamente, deixando-o em lugares estratégicos, como na caminha do pet, próximo à comida, utilizando-o em brincadeiras, entre outras coisas”, recomenda Thamires.
Lembrando que você NUNCA deve forçar os bichinhos a uma aproximação quando eles não estiverem à vontade e se sentindo seguros.
O gato
A idade do gato em questão pode fazer muita diferença também. “Bichanos adultos não terão a mesma facilidade em se adaptar como os filhotes. Se for o caso, deixe ainda o gato em um cômodo no qual o cão não tenha acesso, para que ele se sinta seguro e tenha para onde ‘fugir’ caso não se sinta confortável”, aconselha a adestradora.
Uma estratégia bem bacana para prover “refúgios” ao gatinho é verticalizar a casa com prateleiras. “As prateleiras fazem com que o gato tenha também seu espaço e, independentemente da socialização, é uma adaptação que fazemos que proporciona muita satisfação para o bichano. Afinal, eles adoram observar tudo do alto, ainda mais pelo fato de só ele ter acesso a esse espaço”, indica Thamires.
O cão
Treinos de limites e obediência são essenciais, principalmente para os filhotes, para que o cão entenda a hora de parar (ou nem começar) uma brincadeira com o gato para não correr o risco de estressá-lo e levar uma sova. Segundo Thamires, uma dica importante sobre o que podemos ensinar ao cão é fazer com que ele entenda os sinais corporais do gato.
“Caso seja o cão que não tenha gostado desse novo ‘hóspede’, as associações positivas devem ser feitas a fim de que ele entenda que não perderá a sua atenção por causa do novo amigo, mas que ele ganhará muito com isso. Outra dica é fazer com que o pet seja habituado a alguém mexer em sua comida ou em seus brinquedos, para que ele não desenvolva posse e agressividade. Aproximações com cheiros, com um portão limitando a aproximação dos animais até, gradativamente, eles se encontrem de fato, é outra sugestão”, propõe a adestradora.
Fique de olho, pois a comida e as fezes do gato podem ser muito atrativas para o cão. Por isso, é essencial escolher um local tranquilo e sossegado para o banheiro felino, onde o cão não poderá “estragar” o momento. “Um bichano estressado pode começar a fazer as necessidades no lugar errado. Deixe um cômodo reservado para ele, no qual o cão não tenha acesso ou simplesmente coloque o banheirinho em um lugar mais alto. O mesmo vale para a comida”, adverte Thamires.
A adestradora ressalta que nem sempre a convivência pode ser como esperamos, porém, é possível fazer com que ambos convivam em harmonia, mesmo sem interação. “Respeite os limites e o tempo de cada animal. A pressa pode ser nossa inimiga. Casos mais delicados podem exigir a ajuda de um profissional em adestramento para uma melhor e mais específica apresentação. Com muito amor e paciência, podemos proporcionar um ambiente adequado para cada animal”, conclui Thamires.
Então, mãos à obra, pessoal! Seus pets podem ser como esses do vídeo.