É importante ficar atento a qualquer mudança no comportamento ou nos olhos do animal. Uma vez detectado, o glaucoma não possui cura.
De maneira geral, sempre que seu gato apresentar apatia – falta de apetite e de ânimo para brincadeiras – pode haver algo de errado com ele, já que algumas doenças agem de maneira mais silenciosa. Um dos exemplos é o glaucoma, quadro que se caracteriza pela alta pressão dentro do globo ocular, pelo fato de os olhos não conseguirem regular o dreno do humor aquoso, um de seus fluidos internos. Se em uma condição prolongada essa pressão permanecer afetando o nervo ótico, pode-se desenvolver um quadro de cegueira irreversível. É como se a pressão maior do líquido acumulado “empurrasse” o nervo até machucá-lo, afetando a visão parcial ou completamente.
Além da apatia e falta de apetite, é importante ficar atento se o animal apresenta embaçamento da visão ou irritação sem causa aparente nos olhos. “O gato também expressa a dor que está sentindo esfregando os olhos com as patas, ou no chão”, explica o médico-veterinário Carlos David Castro, da clínica veterinária Arca de Noé (CRMV 4350 SP). Se esse quadro se tornar crônico, o animal pode tornar-se irritadiço, escondendo-se atrás da mobília, e até mesmo adotar comportamento agressivo. O alerta de comportamento é importante, já que muitos tutores não percebem grandes diferenças físicas nos animais antes que a pressão interna ocular já esteja muito elevada. “Quanto mais cedo o diagnóstico, é mais fácil tratar o animal somente com medicamentos, momento no qual as chances de controlar a doença são maiores”.
Quadros de glaucoma são divididos em dois tipos: primário e secundário, sendo que os secundários são mais comuns nos felinos. São assim chamados pois, na realidade, refletem outras doenças e têm como sintomas, além da alta pressão, sinais como constrição da pupila (diminuição) e a aderência da íris à córnea ou à lente ocular. O glaucoma pode surgir em ambos os olhos ou em apenas um, causado por problemas como a uveíte. “É um tipo de inflamação grave que cria blocos de proteínas e outros materiais que impedem a drenagem correta do humor aquoso. Já a uveíte, por sua vez, pode surgir a partir de diversos males como vírus de imunodeficiência felina; leucemia viral felina, peritonite infecciosa felina (PIF) e toxoplasmose”.
O glaucoma primário é considerado mais raro, e está relacionado a heranças genéticas, sendo que birmaneses e siameses têm uma predisposição maior para esse quadro. O tratamento veterinário frequentemente envolve medicação para diminuição da pressão interna dos olhos. Em outros casos mais avançados, uma cirurgia pode ser indicada. O diagnóstico varia, pois a exata natureza do glaucoma pode variar. Até mesmo o dreno do fluido interno pode ser aplicado, mas não existe uma cura real para a doença, que uma vez diagnosticada pode ser somente controlada.
Por isso, uma das principais maneiras de evitar glaucomas em seu gato de estimação é permanecer próximo do animal, com as vacinas em dia. Ao sinal de qualquer mudança no seu comportamento, leve-o a um médico-veterinário!