Gatos são predadores naturais e os pássaros, suas presas. Não é impossível a convivência entre esses animais. No entanto, há de se lembrar que os felinos consideram por instinto os pequenos animais suas presas prediletas.
“Acidentes são frequentes”, comenta a médica-veterinária Erica Couto, da clínica Tukan. “Mesmo animais que tenham crescido juntos devem interagir sempre com vigilância por perto. Os gatos gostam de presentear os tutores com presas que conseguem caçar, como andorinhas ou pardais que possam aparecer em um quintal ou em uma varanda e em algum momento. Por isso, ele pode se interessar por seu canário de estimação. No caso de papagaios ou araras, o gato pode até sentir medo, pois são maiores e fazem barulho, mas é comum casos de perfurações e lacerações”.
Em caso de acidentes, o ideal é ir o mais rápido possível ao consultório veterinário especializado em aves. Mas o que fazer caso o animal trave a mordida? Puxá-lo para que solte a vítima pode parecer o reflexo mais óbvio, mas essa medida pode causar ainda mais danos. Em outros casos, gatos ou cachorros podem decidir engolir a presa, sob medo de perderem o que conseguiram. Por isso, o ideal é manter a calma e tentar atrair o felino para algo que chame sua atenção, como um petisco ou brinquedo preferido.
Também é importante manter as unhas do animal bem cortadas, pois uma das brincadeiras preferidas dos gatos é aquele “tapinha” em um animal pequeno, que pode ser fatal ou causar ferimentos sérios – atravessando inclusive a proteção das gaiolas.
“Todas as presas podem desenvolver um certo nível de estresse quando sentem o cheiro dos predadores. Ele pode não demonstrar medo, mas em outros casos pode ficar acuado, e todo estresse diminui a imunidade. Por isso, se existe um problema de convívio, tem de haver um cuidado ainda maior. Isso vale para cães também, mas é muito variável. Alguns gatos são tão tranquilos que até dormem junto com o passarinho. Já outros ficam na espreita”.
A ideia é que se a convivência for inevitável, a ave fique em um espaço separado, como um cômodo ao qual o gato não tem acesso. A única receita certa para evitar acidentes é manter a ave com outras aves. Cães, dependendo da raça e personalidade, também podem se tornar caçadores indesejáveis. “Um cão de uma raça desenvolvida para caçar pequenos animais, como um daschshund, por exemplo, pode se interessar pela ave. Um cão ou gato adotado, que na rua tinha o hábito de perseguir pequenas presas até mesmo por questão de sobrevivência, também pode achar ser uma boa ideia perseguir o animal menor”, alerta Erica.