Comportamento reprodutivo dos canários: como criar um casal

Canários são pássaros maravilhosos para ter em casa. São pets fáceis de cuidar e manter, e ficam relativamente bem mesmo quando estão sozinhos. Entretanto, no departamento da reprodução, a coisa não é tão simples. Criar um casal de canários requer um planejamento antecipado, equipamento específico e muito cuidado por parte dos donos.

Estes passarinhos atingem sua maturidade sexual já aos oito meses, e ela chega à plenitude entre um e dois anos de idade. A reprodução não deve ultrapassar os oito anos. Segundo a médica-veterinária Magda Izidio de Souza, da Clínica Veterinária Fênix, “com a idade, começam a surgir alterações genéticas nas ninhadas, podendo gerar filhotes com alguma deficiência. E os donos devem evitar, a todo custo, a consanguinidade. Às vezes, a pessoa começa com um casal, nascem os filhotes, e eles ficam todos juntos. O tutor perde o controle de quem é pai, filho, irmão, e esta consanguinidade traz alterações genéticas aos filhotes.”.

O dono de um casal pode tentar fazer a reprodução deles em casa. Um ambiente totalmente isolado é necessário, além de ser silencioso e ter a luz controlada. A época do ano de reprodução é a de maior luminosidade. Normalmente, de junho a dezembro, sendo que o período mais forte é de junho a agosto.

Chegado este período, o dono deve pegar seu casal de canários e colocar em uma gaiola que tenha uma divisória dentro, para avaliar como será o comportamento do macho. Para ser um bom pai, ele deve começar a alimentar a fêmea nesta época de acasalamento. Magda explica o processo: “ela vai emitir alguns sons e ruídos pedindo para ele alimentá-la. Isto que demonstra se ele será um bom pai ou não. É uma seleção natural”.

O macho vai fazendo esta alimentação através da grade mesmo. Ao mesmo tempo, a fêmea vai preparando o ninho. “O dono deve colocar pedacinhos pequenos de estopa na gaiola. Um tamanho de 5 por 5 cm é o suficiente. A fêmea vai desfiando esta estopa e tecendo o ninho dela”.

Quando ela terminar o ninho, é hora de tirar a divisória da gaiola para iniciar o acasalamento. Em seguida, a fêmea começa a botar os ovos – em média, de três a cinco. Segundo Magda, “alguns profissionais retiram os ovos e os substituem por ovos de plástico até que a fêmea tenha botado o último ovo. Neste momento eles trocam novamente os ovos de plástico pelos verdadeiros, para que a fêmea choque todos juntos, e os filhotes possam nascer ao mesmo tempo. Será uma ninhada mais uniforme. Uma atitude extremamente inteligente e prática”.

Os ovos dos canários demoram entre 13 e 15 dias para eclodir. Mas, ao longo deste período, eles vão ficando mais ressecados, com a casca mais porosa. É necessário que eles estejam cercados pela umidade necessária para poderem eclodir. “A casca precisa amolecer, facilitando a ruptura dela. O ideal, então, é o proprietário colocar uma pequena banheira dentro da gaiola. A ave se molha e deita no ninho, molhando, assim, os ovos. Com isso, eleva a umidade deles para até 70 ou 80%. Se ela não o fizer, é possível também colocar uma esponja umedecida embaixo do ninho”.

Nascimento dos canarinhos

Finalmente, chega o momento tão esperado. Os filhotes nascem e, nos primeiros dias, são alimentados exclusivamente pela fêmea. Depois, o macho também passa a fazer parte desta rotina. Após 15 dias, em média, eles começam a amadurecer; abrem os olhinhos e se movimentam. Apesar de lindinhos, o dono precisa se conter para não mexer muito neles durante estes primeiros dias. Além disso, é preciso tomar cuidado com ruídos no local, para não estressar os filhotes e nem a mãe.

Após pouco mais de vinte dias, os passarinhos começam a bicar alimentos. Aí o tutor pode colocar farinhada, frutas e verduras para comerem. Perto de um mês, mais uma conquista: eles começam a descascar sementes.

Mas o trabalho dos tutores não para por aí, como alerta Magda: “com 25 dias, a fêmea entra em processo de ninho e cobertura novamente. Se os filhotes ficarem juntos com os pais durante este período, eles terão suas penas arrancadas para a construção do novo ninho!”. Novamente a divisória da gaiola vai ser utilizada. Portanto, os filhotes devem ficar separados, para que possam continuar sendo alimentados pelos pais, sem sofrer esta mutilação.

Da Redação
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