A família de roedores e todas suas espécies, desde o mais pequenino ratinho a uma capivara, precisam roer ou mastigar para manter os dentes em boa ordem. O termo roedor, inclusive, vem do latim rodere, que significa mastigar, e por isso é preciso um cuidado redobrado com a dentição destes animais.
Segundo Erika Hayashi, médica-veterinária da Paraíso Silvestre, “os dentes incisivos, molares e pré-molares dos roedores e lagomorfos (como os coelhos) não possuem raízes verdadeiras, gerando um crescimento e erupção constante por toda a vida”. Por isso, pets como chinchilas, porquinhos-da-índia e coelhos devem ter uma atividade mastigatória constante. Como explica Erika: “estes pequenos adorados são essencialmente herbívoros (comem folhagens). A ração apropriada deve ser dada em menor proporção na dieta. Já folhas verde-escuras, como almeirão, escarola, rúcula e couve, são a maior parte da dieta, para um equilíbrio do crescimento e desgaste correto do dente.”
Os brinquedos feitos especialmente para estes animais também podem ajudar a deixar a dentição do roedor saudável. Os mais comuns são os brinquedos de madeira sem linha ou peças de engolir. Erika também recomenda passar em consulta de rotina a cada seis meses em um médico-veterinário especialista em roedores ou animais silvestres e exóticos, ou dentista-veterinário.
Se o proprietário começar a notar mudanças no comportamento de seu pet, principalmente em relação aos seus hábitos alimentares, pode ser o sintoma de que algo está errado com a dentição. Erika explica: “eles ficam mais seletivos para comer, salivam, rangem os dentes e, às vezes, há presença de alimento não digerido nas fezes, além de diminuição na quantidade e tamanho da mesma. Pode ocorrer também dificuldade de ingestão de alimentos, consequentemente diminuindo a quantidade de alimentos ingeridos e resultando em perda de peso.”
Assim que perceber algum dos sintomas citados acima, o ideal é o dono levar seu animalzinho imediatamente ao médico-veterinário especialista para realização de procedimento odontológico e orientação de manejo alimentar correto. Casos mais graves podem resultar em uma série de problemas para o animal. Erika lista alguns deles: anorexia, aumento de volume facial com ou sem abscesso na face, corrimento nasal e ocular, exoftalmia (projeção do globo ocular para fora da órbita), além de automutilação, dentre outras alterações de comportamento, por conta da dor. Se não tratar imediatamente o animal, ele pode morrer, devido às complicações no sistema digestivo”, alerta.
Fonte: Livro Tratado de Animais Selvagens (Odontoestomatologia em roedores e lagomorfos – (Corrêa e Fecchio).