De muitas formas, os tratamentos de saúde dos animais de estimação se assemelham às terapias aplicadas nos seres humanos. Um dos exemplos mais claros é o uso da homeopatia. “O princípio é idêntico”, explica a médica veterinária Regina Motta, há mais de 30 anos trabalhando nessa atividade. “Devemos tratar o organismo como um todo, ao invés de procurar uma solução somente para o sintoma da doença”. O medicamento homeopático pode ser produzido a partir de substâncias dos reinos mineral, vegetal ou animal.
“Gatos são mais resistentes, ou teimosos, no momento de medicá-los, em relação aos cães. Chegam a espumar pela boca ao rejeitar um remédio, o que muitas vezes assusta o dono. As doses homeopáticas podem oferecer uma facilidade, pois o animal vai aceitar a medicação mais facilmente, seja em gotas, à base de álcool, ou em esferas de açúcar”, explica a veterinária.
É possível aplicar a homeopatia também para tratar de problemas de comportamento dos felinos. “Mesmo que, ocasionalmente, os animais não cheguem aqui no consultório com o dono fazendo uma queixa comportamental, os sintomas emocionais podem se tornar físicos. Os gatos são afetados por mudanças de casa, por exemplo, ou até por reformas em sua residência original. Para se sentir seguro, o bicho precisa conhecer bem o território onde está”.
Em casos como esse, o ideal é que se comece um tratamento até mesmo antes da mudança ou da chegada de um novo animal de estimação. Pode ocorrer que ele deixe de se alimentar, recusando ou não procurando o alimento. Em ocasiões como essa, após dois dias, o animal pode desenvolver problemas no fígado. “A homeopatia vai manter o organismo do animal balanceado desde antes da situação de estresse. É um tratamento que poderá prevenir que ocorram sintomas ou ao menos suavizá-los”.
A doutora Regina explica que, por investigar diversos aspectos da vida do animal, a primeira consulta de um tratamento homeopático deve ser bastante aprofundada. É importante levar em conta a parte comportamental do animal e a dinâmica da casa. Para os felinos, um exemplo de aplicação homeopática é o tratamento da gengivite-estomatite felina. “É um quadro de inflamação e feridas da gengiva. Em casos mais avançados, o animal não consegue nem se alimentar. Trata-se de um problema autoimune e tenho registrado muito sucesso com o tratamento homeopático”.
Ela explica também que, animais intolerantes a determinados medicamentos comuns encontram uma alternativa com menos efeitos colaterais no seu organismo com os produtos homeopáticos. Em quadros em que o organismo do animal já está afetado por uma doença renal, medicamentos homeopáticos são mais facilmente assimilados pelo organismo.
No entanto, é importante, na opinião da veterinária, que as terapias alopática e homeopática jamais se anulem, como se uma fosse superior à outra. “O médico veterinário deve decidir qual o melhor tratamento de acordo com as necessidades de cada animal. Precisamos compreender bem o funcionamento de ambas as terapias para utilizá-las da melhor forma, em prol da saúde do gato, cão, ou qualquer outro tipo de bicho de estimação”, explica.
Quem quiser se aprofundar no assunto pode consultar os livros da Drª Regina Motta, que são:
- Nosso filho, o cachorro (Ed. Saraiva);
- Bom pra cachorro (Ed. Gente) ;
- Meu irmão, o cão (Ed. Germinal) ;
- Eu cuido com carinho do meu cão (Ed. Caramelo);
- Eu cuido com carinho do meu gato (Ed. Caramelo);
- Um cão para chamar de seu (Dasch Editora).