Cãezinhos e gatinhos que apresentam comportamento humanizado estão por todos os cantos e vídeos na internet hoje em dia. Agora, apresentar uma habilidade humana por meio de um mecanismo próprio é uma exclusividade de algumas espécies de aves que, assim como nós, podem falar. Mas, como isto é possível?
“As aves, apesar de não possuírem cordas vocais e lábios, são capazes de imitar vários sons, incluindo a fala humana. A siringe, uma região muscular e membranosa da traqueia das aves, é a principal responsável por todos os sons que elas podem reproduzir”, explica Yamê Miniero Davies, médica veterinária especializada em animais silvestres, da empresa de consultoria VetWings, em São Paulo.
Apesar da imitação sonora ser uma habilidade presente em quase todas as aves, a “arte de falar” se restringe a um pequeno grupo. Segundo Natalia Philadelpho Azevedo, médica veterinária especialista em animais silvestres, igualmente da VetWings, “a capacidade de imitar sons de outras espécies é comum em praticamente todas as aves, mas nem todas são capazes de imitar a fala humana. Psitacídeos (papagaios, araras etc.) são as aves mais conhecidas pela capacidade de imitar a fala humana”, esclarece.
Nosso querido louro, um dos animais mais brazucas deste planeta, é um famoso exemplo de bicho falante. “Os papagaios da Amazônia, que são os nossos papagaios, são um dos mais conhecidos no mundo e possuem a capacidade de cantar e falar. Esta capacidade varia de acordo com o sexo (machos geralmente falam mais do que fêmeas) e também de indivíduo para indivíduo. Entretanto, o estímulo desde filhote facilita muito o aprendizado”, relata Dra. Yamê.
Como se não bastasse tudo isso, existem animais que são capazes de compreender uma conversa. Segundo Marta Brito Guimarães, médica veterinária especialista em animais silvestres, também membro da VetWings, “algumas espécies podem ir além de imitar a fala, chegando a entender algumas palavras. Eles podem responder perguntas e possuir um vocabulário com mais de 2.000 palavras. Um caso famoso é o do Papagaio do Congo, Alex, que foi estudado e que sabia diferenciar cores e formatos de vários objetos”.
Para aqueles que ficaram pasmos como nós, já dizia o poeta: “sabe de nada, inocente”.