Animais e emoções: os cães sentem culpa?

Há alguns anos, a internet nos apresentou Denver, o labrador que comeu um saco de petisco de gato na ausência do dono e, na hora do vamos ver, acabou se entregando com sua expressão de culpa – a famosa cara de “guilty dog”.

Depois do Denver, começou a chover vídeo de cachorros com cara de culpados na web. Em todos os vídeos, aquela expressão de “sei que fiz coisa errada” estava lá: os olhos cerrados, o olhar desviado, o sorriso amarelo e aquele ar de quem não sabe se vai ou se fica. Mas, afinal, o cachorro sente culpa mesmo?

“A culpa fica mais a nosso critério do que do cão. O cachorro age por associações negativas e positivas e isso não está relacionado à culpa”, explica Fernando Baiardi, adestrador e pesquisador em comportamento canino, proprietário da Cão Ativo, empresa que oferece cursos e treinamento para alunos e serviços de passeios diários em todo o Brasil.

“Culpa é um sentimento que a gente carrega como ser humano; já o cachorro trabalha com associações: se a coisa é boa pra ele, ele associa como algo bom, se é ruim, associa como algo ruim. Não existe esse sentimento de culpa. Isso, para o cachorro, não faz nenhum sentido”, conta Baiardi.

Então de onde vem aquelas carinhas de culpa destes guilty dogs, que vemos diariamente na internet? De acordo com o pesquisador, a expressão vem da associação negativa e “ocorre devido à humanização do cachorro, quando a gente transfere para ele algo que é apenas nosso. Transferimos nossas carências e a própria culpa, que fica sempre mais ligada a nós do que ao cão”, explica o especialista.

 

 

Por: Paula Soncela
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