Qual guia e coleira escolher para passear com seu cão

Passear é uma ótima maneira de fazer seu cachorro gastar energia, já que é uma oportunidade para ele farejar, socializar e se exercitar. Entretanto, é necessário escolher os equipamentos apropriados para que esse momento seja proveitoso e, principalmente, seguro para o animal e o dono. Afinal, cada pet tem características próprias que precisam ser levadas em consideração.

“A raça, o tamanho, a anatomia, a idade, a função que o pet exerce e, principalmente, a segurança durante o passeio precisam ser levadas em consideração. Algumas raças requerem atenção especial no momento de escolher a coleira e a guia”, explica Helenita Ciscon, médica-veterinária pós-graduada em Medicina Intensiva, e especializada em cuidados paliativos da Home Care Vet.

A utilização de um equipamento inadequado pode causar lesões por enforcamento ou na coluna, principalmente na região cervical. Além disso, é importante escolher produtos de qualidade para evitar rompimento que, caso aconteça durante o passeio, pode levar à fuga e comprometer a segurança do animal.

Como escolher a melhor coleira ou peitoral

Segundo a veterinária, desde que os equipamentos sejam seguros e confortáveis, não há regra para escolher a melhor coleira para passear com seu melhor amigo. No caso de animais grandes ou que puxam muito, embora alguns modelos de peitoral e guia antipuxão possam ajudar, a recomendação é adestrar com o apoio de um profissional.

“Peitorais e coletes proporcionam mais conforto, então são os mais indicados para cães designados ao trabalho, como cães de busca, competidores ou em treinamento de guarda. Os peitorais tradicionais, como H ou step-in, também são indicados para pets que pulam muito e precisam de mais controle”, orienta.

A coleira de pescoço também pode ser usada respeitando os critérios mencionados, porém, o cuidado durante o passeio precisa ser redobrado. Isso porque os puxões podem causar lesões por enforcamento ou traumas graves na região cervical. Outro cuidado ao optar por esse modelo é não utilizá-lo para transportar o pet no carro – neste caso, o peitoral é a opção mais segura.

Casos especiais

Algumas características requerem mais atenção na hora de escolher o melhor equipamento de passeio. Helenita Ciscon lista algumas:

  • Galgos (whippets, greyhounds, afghan hounds e galgos italianos):

Cães destas raças não devem utilizar coleiras comuns, pois precisam que a largura do equipamento seja maior do que o padrão, devido à anatomia, com pescoço alongado, para evitar lesões na coluna cervical. 

Além disso, os galgos italianos, que são menores, não devem usar peitorais tradicionais com dois pontos de sustentação (base do pescoço e tórax), uma vez que podem facilmente escapar do equipamento em razão do corpo delgado, peito estreito e arco esternal muito curto. O ideal é aderir aos peitorais com três pontos de sustentação (base do pescoço, tórax e fim do arco esternal, a “cintura” do animal).

  • Cães braquicefálicos (focinho curto):

Cachorros com focinho curto, como pugs, buldogues e shih-tzus, também precisam de atenção especial. “Ainda que sejam animais saudáveis, eles têm o aparelho respiratório comprometido pela própria anatomia e os sintomas respiratórios podem se agravar com uso inadequado de coleiras durante o passeio”, alerta a veterinária.

Portanto, a orientação é usar o peitoral e evitar o uso das coleiras de pescoço.

  • Pets adotados adultos:

Quando o cão foi adotado adulto, ele pode ter vivido acorrentado ou sofrido agressões, fatores que podem gerar traumas relacionados aos equipamentos de passeio. Nesses casos, é ainda mais importante recorrer a coleiras e peitorais confortáveis, fazendo treinos graduais dentro de casa antes de partir para passeios externos.

Como escolher a melhor guia

Assim como os peitorais, a guia deve ser de material seguro para evitar que ela estoure durante o passeio. Outro ponto de atenção é o “mosquetão”, que deve estar de acordo com o porte do pet – normalmente, essa informação é fornecida pelo fabricante. Atualmente, o mercado conta com opções com sistemas de segurança que evitam que ele se abra mesmo que o animal puxe ou pule muito.

Em relação ao comprimento, o ideal é que ela não seja curta a ponto de atrapalhar o cão a farejar e fazer suas necessidades fisiológicas, nem longa o suficiente para ficar muito à frente do dono, prejudicando a ação da pessoa em caso de necessidade de intervenções rápidas. Portanto, para o dia a dia, a recomendação é que tenha entre 1,2m e 2m.

Guia unificada e cabresto

A veterinária afirma que a guia unificada pode ser utilizada para adestramento desde que seja manuseada da maneira correta com o auxílio de um profissional. Apenas cães que já tenham alterações respiratórias devido ao exercício, como os braquicefálicos, e com maior risco a lesão cervical, como os Galgos, não devem usar esse equipamento.

“Não existe receita pronta, cada pet deve utilizar a guia que dê mais segurança. A guia unificada pode ser usada no adestramento quando o animal ‘leva do dono para passear’ e não ao contrário. As melhores opções são as de tecido e é importante que seja aprovado pelo órgão regulador responsável”, detalha.

Mesma regra vale para o cabresto, que fica preso ao focinho e ao pescoço. Embora seja menos conhecido, é comumente utilizado no adestramento, principalmente em cachorros que puxam muito.

Dicas extras para ter um bom passeio com seu cão

Helenita Ciscon, da Home Care Vet, dá mais algumas dicas para ter um bom passeio com o seu melhor amigo:

  • Evitar passeios nos horários e dias mais quentes, pois o solo quente pode causar lesões nos coxins, as “almofadinhas” das patas, além do risco de hipertermia;
  • Fazer caminhadas mais longas e outros exercícios somente após duas horas da refeição; antes disso, há risco maior de dilatação e torção gástrica para algumas raças, e 
  • Sempre identificar o pet com uma tag que deve estar presa a uma coleira segura e independente do equipamento de passeio. Assim, caso o animal fuja, há mais chances dele voltar para você.

 

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