O nome já diz tudo: Bicudo (Oryzoborus maximiliani), é um pássaro silvestre com um grande e largo bico. Mas não é só isso. Esta ave é uma exímia cantora, dona de um canto com som flauteado e gutural surpreendente. Tanto que existem até campeonatos nacionais de canto dessas aves, promovidos pela Confederação Brasileira dos Criadores de Pássaros Nativos (COBRAP). Porém, o Bicudo está criticamente ameaçado de extinção, segundo o Ibama, e mal pode ser encontrado na natureza.
“Contemplar um Bicudo voando solto é a coisa mais linda do mundo. Ele é muito rápido, chega a surpreender. Infelizmente, meu filho e sua geração nunca viram um pássaro desses solto, por causa do declínio da população dos Bicudos”, lamenta o presidente da Federação Ornitológica do Estado de São Paulo (FEOSP), João Carlos Sposito, responsável pela criação de cerca de 80 Bicudos em São Carlos (SP). “Embora seja difícil encontrar Bicudos na natureza, temos cerca de dois milhões de exemplares em criação doméstica (cativeiro) só no estado de São Paulo”, conta.
No Brasil, existem dois tipos de Bicudos na natureza: o que vive no estado do Amazonas, Oryzoborus crassirostris, e o que pode ser encontrado no Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso) e na Bahia, conhecido como Oryzoborus crassirostris maximiliani.
Pretinho e com uma pequena mancha branca na asa, o Bicudo mede entre 15 e 17 centímetros, com envergadura de 23 centímetros, e pesa até 25 gramas. Quando canta, a ave mostra toda sua pompa: projeta o peito para frente, abaixa a cauda, fica ereta, e, por fim, solta o vozeirão de flauta.
Sposito, que também é considerado um dos principais criadores brasileiros da espécie, explica que o Bicudo é um pássaro territorialista e nômade. “Esta ave depende de uma área grande. Ela acasala e demarca seu território. É necessária uma área de várzea enorme para apenas quatro ou cinco casais”, diz. Quando se sente ameaçado, o Bicudo muda de território.
Mas ele não fica apenas acuado e se muda. “O Bicudo também é um pássaro agressivo”, conta Sposito. Quando domina um determinado espaço, não permite a presença de outros Bicudos ou de aves de outras espécies.
Cuidados com o Bicudo
Por conta desse comportamento “esquentadinho”, a criação doméstica deve levar em conta essa característica da ave. Sposito explica que a gaiola para um único exemplar deve medir 120 x 60 x 40 cm para que fique confortável. “Uma gaiola de 250 x 60 x 60 cm comporta, no máximo, cinco Bicudos”, adverte.
Além do espaço, é preciso dar atenção especial à alimentação. Enquanto na natureza o Bicudo se alimenta de sementes de capim-navalha (tiririca), na criação doméstica o criador deve servir alpiste de boa qualidade e areia para auxiliar na digestão de sementes. “De vez em quando, também é bom dar escarola e milho, especialmente na época de procriação. Farofa de ovo é um extra para a alimentação dos filhotes”, finaliza o criador.
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