Muitas pessoas já tiveram um pet que “come o que vê pela frente”. Quando os pets são filhotes, não são incomuns relatos de que mastigaram chinelos, papéis, fios, etc. Mas e quando seu pet ingeriu algo que é considerado danoso, como pilhas e baterias?
A médica-veterinária, Mestre e Doutora em Patologia Experimental e Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), Aline de Mello, afirma que as manifestações clínicas apresentadas pelo animal variam de acordo com a espécie, idade e o tipo de pilha ou bateria ingerido. Outro fator que influencia nos tipos de manifestações clínicas é o tempo que a pilha ou bateria permaneceu no trato gastrointestinal, supondo a impossibilidade de eliminação do produto pelo vômito espontâneo ou induzido.
Os riscos aumentam pela possibilidade de o envoltório protetor da pilha romper e o conteúdo químico vazar em diferentes proporções. As pilhas mais usadas no Brasil atualmente são as alcalinas, que apresentam Hidróxidos de Sódio e Potássio, Zinco e Manganês. Outros tipos de pilhas apresentam compostos como Cloreto de Amônio, Mercúrio e Chumbo. Todos estes compostos, principalmente os metais pesados, são tóxicos ao meio ambiente e aos animais de forma geral.
O animal pode apresentar desde salivação excessiva até coma, de forma progressiva. “As manifestações clínicas mais comumente associadas a estes metais pesados são anorexia ou falta de apetite, vômito, diarreia, depressão generalizada, vocalização, fraqueza muscular, anemia, alteração na coloração das mucosas, convulsões, coma que pode evoluir para óbito”, afirma a especialista.
O ideal é que o tutor leve o animal o quanto antes para atendimento médico-veterinário já que, dependendo do caso e do tempo decorrido entre a ingestão do material e o início do tratamento, seria possível reverter o quadro. O médico-veterinário fará o diagnóstico e recomendará os procedimentos corretos para cada caso após avaliação clínica e realização de exames. A intoxicação pode ser reversível com tratamento clínico e, se necessário, internação. A especialista afirma que, em alguns casos, a remoção da pilha ou da bateria pode ser feita por meio de procedimentos como endoscopia, utilizando pinças específicas do aparelho endoscópico. Em casos mais graves, é necessária a remoção cirúrgica.