Síndrome da hiperestesia felina: saiba como identificar e tratar

É verdade que os gatos têm maneiras bastante particulares de se comportar. Entretanto, se o seu bichano começar a perseguir o próprio rabo, lamber-se excessivamente ou apresentar tremores e mudanças repentinas de comportamento, pode ser um sinal da Síndrome de Hiperestesia Felina (SHF)

Este é um daqueles assuntos que podem deixar qualquer dono de pet coçando a cabeça, mas não se preocupe! Para nos ajudar a entender melhor esse tema, conversamos com a Dra. Kátia Gumiero, médica-veterinária da Cat Clinic, especialista em clínica médica e cirúrgica, com atendimento exclusivo para felinos

Também conhecida como síndrome do gato nervoso, a SHF é uma condição rara, de origem misteriosa e ainda pouco compreendida. Ela pode estar associada a condições neurológicas, comportamentais, dermatológicas e ortopédicas. Uma das principais características da síndrome é a sensação que o animal tem de estar sendo atacado, como se algo estivesse arranhando seu lombo, o que o leva a tentar, de todas as formas, lutar contra esse ataque imaginário.

Além dos espasmos na pele na região dorsal, outros sinais frequentemente observados incluem tremores musculares, miados e agitação excessiva, lambedura e mordedura na região lombar, cauda e membros. O felino fica extremamente agitado, algo que pode ser muito estressante e exaustivo para o animal.

Ainda que a SHF não esteja bem estabelecida, autores acreditam que esse comportamento obsessivo-compulsivo pode ser desencadeado por estímulos do hipotálamo e do sistema límbico, por meio de fatores ambientais, dores e irritações.

A Dra. Kátia explica que, devido ao impacto da hiperestesia felina em vários sistemas do organismo do paciente, o diagnóstico se baseia na exclusão de doenças dermatológicas, neurológicas e ortopédicas. Esse processo requer uma bateria de exames complementares, incluindo análises laboratoriais e procedimentos de imagem, aliados a um exame físico e neurológico minucioso.

Ela destaca, ainda, a importância crucial do relato sobre o comportamento do animal em seu ambiente natural, pois muitos sinais clínicos podem não se manifestar no consultório. Alguns tutores contribuem com vídeos das “crises” de seus animais, auxiliando significativamente no processo diagnóstico.

“É importante que o tutor esteja sempre atento a qualquer sinal de hiperatividade, espasmos, lambeduras excessivas, mordeduras ou perseguição na cauda e patas e caso perceba esse comportamento, procurar o médico-veterinário” afirma a especialista.

O tratamento consiste em uma abordagem que combina medicamentos que atuam em diversos sistemas para controlar os sintomas, ao mesmo tempo em que é essencial cuidar das questões comportamentais. Isso inclui estratégias para reduzir o estresse e a ansiedade do animal no ambiente em que vive. Quanto ao prognóstico, para alguns pacientes o tratamento será contínuo ao longo da vida.

Estimular a atividades físicas e enriquecimento ambiental podem parecer ações simples, porém, desempenham um papel crucial na redução do estresse felino e na prevenção de desencadeadores dos sintomas. Além disso, as visitas regulares ao consultório veterinário para o controle de ectoparasitas e endoparasitas são de extrema importância, não apenas durante o tratamento, mas também para garantir o bem-estar contínuo do animal.

Lembre: o médico-veterinário é um grande aliado quando o assunto é o bem estar do pet. Apesar de esta ser uma condição desafiadora, com os cuidados adequados e o suporte correto é possível fazer com que os gatinhos voltem a ser eles mesmos, ronronando felicidade por toda a casa.

Veja Também