Saiba como funciona a terapia assistida por animais em hospitais

O ambiente hospitalar, geralmente, não é associado como algo aconchegante e acolhedor. Pessoas hospitalizadas se encontram fragilizadas e, muitas vezes, desamparadas em termos afetivos. E é aí que entra a terapia assistida por animais.

“A TAA surge como um catalisador, modificando o ambiente, o cotidiano do tratamento. Aparece como uma possibilidade de expressão dos sentimentos dos pacientes. Isto ocorre porque as pessoas projetam no animal, principalmente no cão, seus sentimentos. ‘Percebem’ que o animal é tão vulnerável quanto elas”, explica Silvana Fedeli Prado, psicóloga psicanalista e psicoterapeuta de Terapias Assistidas por Animais da ONG/OSCIP Patas Therapeutas, em São Paulo.

Como funciona?

O animal não precisa ser de uma espécie ou raça específica, mas deve passar por uma avaliação de comportamento e controle de saúde. Os cães “precisam ter adestramento básico e estar em dia com vacinação, parasitológico e higiene. Seguimos rígidos protocolos internacionais de saúde e comportamento dos nossos animais. Estes protocolos são previamente enviados ao hospital, o qual adaptará aos protocolos dele. Ao adentrarmos, na recepção, limpamos as patas dos nossos animais com clorexidina 2%”, esclarece Silvana.

Segundo a psicóloga, “as atividades podem ser individualizadas ou grupais, com periodicidade semanal ou quinzenal, geralmente em intervalos definidos. São previamente agendadas e com duração de, no máximo, uma hora. O animal pode ser conduzido pelo voluntário, tutor e/ou profissional. É utilizado como mediador entre os profissionais e/ou voluntários e assistidos e/ou pacientes”, descreve.

“Dependendo do que for acordado na instituição, podemos colocar os animais na cama dos pacientes que não conseguirem sair do seu leito. Já os que podem sair passeiam com os cães no corredor e utilizamos a brinquedoteca do local. O atendimento é de caráter espontâneo, sendo os próprios pacientes quem ‘definem’ como ocorrerá a sessão”, conta a psicoterapeuta.

As crianças podem aproveitar o espaço infantil do hospital para interagir com os animais. “Na brinquedoteca há uma caixa lúdica, contendo “equipamentos médicos”, com os quais as crianças brincam com os cães. É por meio deles que as crianças têm possibilidade de trabalhar e elaborar suas fantasias e medos decorrentes de sua condição clínica e do ambiente hospitalar no qual ela está inserida”, relata Silvana.

A psicóloga frisa que “a cada paciente atendido que manuseia o animal, passamos álcool gel em suas mãos. Após uma hora de atendimento, nos despedimos e na saída, novamente, limpamos as patas dos animais com clorexidina 2%”.

Quais os benefícios?

O espaço é curto para descrever o quanto a TAA é benéfica para os pacientes hospitalizados. Silvana conta que os benefícios são inúmeros e estão relacionados vários aspectos físicos, mentais, educacionais e fisiológicos.

  • Físicos: aprimora as habilidades motoras finas, as habilidades para a condução cadeiras de rodas e andadores, e melhora a posição de equilíbrio.
  • Mentais: aumenta a interação verbal entre os membros do grupo, melhora as habilidades de atenção (ou seja, prestar atenção, permanecer na tarefa), desenvolve habilidades de lazer e recreação, aumenta a autoestima, reduz a ansiedade, a solidão e combate depressão.
  • Educacionais: aprimora o vocabulário, ajuda na memória de longo e curto prazo, melhora o conhecimento de conceitos, como tamanho e cor, aumenta a vontade de se envolverem em uma atividade de grupo e motiva os pacientes.
  • Fisiológicos: aumenta os níveis de neurotransmissores, como dopamina (prazer e controle motor), fenilatalamina (ânimo e antidepressivo) e endorfina (analgésico e sensação de bem-estar. Também aumenta as taxas dos hormônios prolactina (vínculo social) e oxitocina (confiança) e diminui o cortisol (estresse).

 

 

 

 

Por: Paula Soncela
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