Quem divide a casa com gatos pode até dizer que consegue decifrar o significado do ronronar com facilidade – e provavelmente, todos terão uma boa resposta. Mas não é incomum que alguns tutores cheguem ao consultório questionando “o que é esse barulhinho que os gatinhos fazem?”, “é normal?” e “por que isso acontece?”.
Para sanar essas dúvidas, contamos com a ajuda da médica-veterinária e endocrinologista de pequenos animais Michele Rodrigues, que concordou em trazer algumas curiosidades bacanas sobre esses pets que amamos tanto!
O ronronar nada mais é do que um som monótono grave de baixa frequência, que pode se estender por longos minutos, sendo utilizado pelos gatos muitas vezes como um meio de comunicação. Os gatos aprendem a ronronar desde o segundo dia de vida, o que é essencial para sua sobrevivência, visto que nascem sem escutar claramente e com os olhos fechados, podendo desse modo se comunicar com a mãe e os demais filhotes.
“Frequentemente esse ronron pode ser observado em momentos felizes, como quando estão tomando sol, brincando com seus tutores ou até mesmo recebendo um carinho. Entretanto, em momentos de estresse, medo, desconforto e dor, esse som também pode ser observado, visto que muitas vezes esse ato de ronronar ajuda os felinos a relaxarem, se sentirem mais aliviados e menos tensos com determinadas situações.”, conta Michele.
Os gatos podem ronronar de modos e em volumes diferentes, alguns de maneira quase que totalmente silenciosa, ou podem até mesmo não ronronar. A única forma de confirmar isso é sentindo a vibração na região do pescoço do animal. Ainda não há uma explicação definitiva do porque alguns gatos não ronronam, com exceção daqueles que passaram por algum dano nas cordas vocais.
Acredita-se que os gatos que cresceram na ausência da mãe tendem a se tornar adultos que não ronronam, já que esse estímulo ocorre logo no começo da vida, na primeira infância. Além disso, teoricamente, os gatos ferais, que são aqueles que vivem nas ruas, abandonados e sem tanto contato com humanos, tendem a ser oprimidos ao ronronar pelas mães, para evitar a atração de predadores ao seu redor.
Em comparação com os gatos domésticos, os ferais parecem ser menos vocais, miando e ronronando mais quando filhotes e deixando esse hábito ao chegar na vida adulta. Outra possibilidade é de que os gatos domésticos tendem a manter mais esse hábito, como forma de melhorar a comunicação com seus tutores.
“Somente conseguimos entender esse ronronar quando consideramos também as demais características do seu comportamento. Observando a posição das orelhas, das costas e o movimentar da cauda, entendemos desse modo, se o gatinho está com medo, assustado, sentindo dor ou até mesmo feliz. No caso de felicidade, as orelhas ficam para cima, olhos semicerrados e cauda erguida, pronto para receber muito carinho. Nossa recompensa é curtir esse maravilhoso ronronar.”, finaliza a médica-veterinária.