No Brasil, existem mais de 30 milhões de animais abandonados. São cerca de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para transformar esta realidade, há quase dez anos, um grupo de voluntários interessados em proteção animal criou uma ONG para lá de especial na cidade de São Paulo: a Patinhas Online. Sua missão é ajudar peludos vítimas de abandono, tortura, crueldade e descaso a superarem o passado e a encontrarem um novo lar em uma família carinhosa.
Pode parecer absurdo que animais ainda sofram maus-tratos, mas estima-se que, todos os anos, esta seja a realidade de três mil bichos no Brasil. “A maioria dos animais que chegam à ONG foram atropelados ou têm problemas de pele. Mas também são comuns outros casos mais graves e chocantes, como bichos que tiveram a mandíbula quebrada ou que foram estuprados”, conta Tatiana Bonfim, coordenadora de adoções da Patinhas Online.
Por conta disso, a ONG faz um trabalho cuidadoso. Primeiro, os animais em situação de rua nos arredores do abrigo são resgatados por uma equipe composta por oito voluntários. Em seguida, são levados aos veterinários parceiros, que avaliam o estado de saúde do animal, realizam tratamento e providenciam vermifugação, vacinação e castração. Depois que o bicho está saudável e socializado, suas fotos são divulgadas no site e nas redes sociais da Patinhas Online para que ele possa encontrar um lar. E a adoção, pasme, é de graça! Isso porque a organização vive de doações e não cobra taxas dos adotantes.
Mas não é todo mundo que pode adotar um pet, não! Tatiana é categórica: todos os candidatos à adoção de um cão ou gato passam por uma entrevista rigorosa. Afinal, a última coisa que a ONG espera é que o bicho volte para a rua por conta de um dono irresponsável ou, pior, que o pet morra por um descuido. “Para gatos, somos mais criteriosos. Só doamos para apartamentos com telas e grades e para casas sem pontos de fuga. Visitamos a residência ou pedimos fotos das janelas e sacadas. No caso de cães, além dos pontos de fuga, observamos se a família não teve nenhum caso recente de falecimento por cinomose”, ressalta.
Uma vez que um dos peludos ganha um novo lar, a Patinhas Online mantém contato esporádico com os adotantes. Em 2015, a ONG conseguiu encontrar famílias para 104 cães e 35 gatos do abrigo. “A maioria das pessoas que adotam se torna nossa amiga e manda notícias por e-mail, telefone ou WhatsApp. Eles gostam de mandar fotos e nós adoramos vê-las e saber que o bichinho está bem”, diz Tatiana.
A sede da Patinhas Online tem, hoje, capacidade para receber até 80 animais. Entretanto, o mais comum é estar com superlotação. Em dezembro, por exemplo, tinham 100 cães e 30 gatos. “Todo ano, há um aumento no número de abandonos de pets nos meses de dezembro e janeiro. Tem a ver com o período de férias. As famílias vão viajar e não têm com quem deixar o bicho, então, abandonam. E, infelizmente, 80% desses animais não vão encontrar um lar e vão morrer no abrigo. É como se fosse uma prisão”, lamenta Tatiana.
O que você pode fazer
Quer ajudar a ONG, mas não pode adotar um animal? A Patinhas Online tem duas formas de voluntariado que podem se ajustar à sua rotina. Uma delas é a inscrição para participar dos mutirões no site da iniciativa. Nesses eventos, que acontecem uma vez ao mês, os voluntários ficam responsáveis por dar banho, levar os cães e gatos do abrigo para passear e interagir com eles. Mas se você não tem tempo, a ONG também aceita doações por meio do apadrinhamento de um peludo. Funciona assim: você escolhe um bicho do abrigo para apadrinhar e pode doar quantias a partir de R$ 20 mensais.
Ainda em dezembro, a ONG pediu, via crowdfunding, ajuda para montar sacolinhas de Natal para os peludos. A meta de R$ 20 mil foi alcançada e ajudará a custear muitas das despesas com cuidados veterinários e de higiene dos animais. Uma história de sucesso!