Os peixes podem ser ótimos pets e os aquários de água doce acabam sendo uma bela peça decorativa para seu lar. Contudo, quem deseja começar no aquarismo precisa estar atento. A saúde e o bem-estar dos animais depende da preparação de um ambiente adequado, além da escolha correta de espécies ao optar por um aquário multiespécie.
“Uma das coisas mais legais de um aquário de água doce é combinar espécies, copiar biótopos naturais, como fazer um aquário parecendo um rio amazônico ou o pantanal. Dá para criar muitas combinações diferentes e isso é bem importante. O que vai definir o sucesso de um aquário é combinar espécies que convivem bem, e tornam o aquário harmonioso”, afirma a médica-veterinária Shyrlei Braith, da Aquática Brazil.
Ela explica que existem espécies que podem viver juntas, mas que não interagem da maneira correta, ou seja, não ocupam todos os estratos do aquário. Isso pode acabar gerando um desequilíbrio no ambiente. Por isso, é importante selecionar peixes mais voltados para natação, que vão circular pelo espaço, e outros de fundo, que ficam naturalmente na parte baixa do aquário e contribuem para a limpeza da água.
Quais peixes escolher para aquários de água doce?
Apesar da maioria das pessoas pensarem o contrário, quanto maior o aquário, mais fácil é a criação dos peixes. Portanto, caso o espaço não seja o problema, a recomendação é começar com um aquário grande com kinguios, também chamado de peixinho-dourado, uma espécie muito resistente e carismática.
“É um erro bem comum montar um aquário pequeno com kinguios, mas eles precisam de muito espaço. Para o primeiro kinguio, teria que ter 100 litros de água e, para cada um subsequente, mais 50 litros. Então, em um aquário de um metro com altura padrão e 200 litros de água, caberia apenas três peixes dessa espécie”, detalha Shyrlei.
No entanto, quem não dispõe de espaço ou deseja ter várias espécies, é possível começar com um aquário de 60 litros. Nesses casos, a dica é optar por peixes mais resistentes, que venham de cativeiros, sejam resistentes à variação do pH e se alimentem do mesmo tipo de ração – ou seja, sobrevivem bem apenas com a troca de água parcial.
A primeira indicação da médica-veterinária é o tetra-preto, que é bonito, calmo e pacífico, e pode haver até dez deles no espaço mencionado. Apesar do nome, eles estão disponíveis em várias cores e ocupam a coluna da natação, pois são ativos e nadam por todo aquário. As tanictis ajudam a dar mais movimento caso a pessoa deseje.
Para os peixes de fundo, os iniciantes podem apostar nos cascudos, principalmente o cascudo ancistrus e o cascudo albino – mais dócil –, que não cresce muito, é delicado e não ataca outros peixes como acontece com outras espécies mais carnívoras. Dois é o número ideal para aquários de 60 litros.
As coridoras, como as albinas ou aeneus, criadas em cativeiro, são outra espécie que enriquece o aquário de água doce de iniciantes. Por ficarem no fundo, se alimentam dos restos de alimentos e ajudam a manter a limpeza.
As curbicula, que são os caracóis de água doce, também podem complementar o espaço. Por fim, as colisas, disponíveis em várias cores e vendidas em casais, ajudam na organização do aquário, já que fazem com que cada peixe fique em seu lugar.
Como montar o primeiro aquário de água doce?
Depois de selecionar as espécies e o tamanho do aquário, é preciso montar toda a estrutura para garantir a saúde e o bem-estar dos animais. O filtro é um dos itens mais importantes, já que não apenas oxigenam a água, mas também purificam e proporcionam uma cultura de bactérias que limpam a água. “O aquário só vira ecossistema quando conseguimos cultivar bactérias benéficas”, salienta Shyrlei.
Além disso, é importante ter um termostato para garantir que a temperatura se mantenha a estável independentemente das oscilações externas. As variações extremas podem baixar a imunidade e causar doenças nos animais.
E as pedrinhas dos aquários não são apenas decorativas! “O uso de substrato, de cascalho ou pedrinhas próprias para aquários, é importante para o bem-estar dos peixes, pois proporciona mais conforto. Sem elas, o peixe enxerga um pouco dos reflexos e isso pode deixá-lo estressado. Mas é preciso escolher bem porque alguns cascalhos podem alterar o pH da água”, orienta a médica-veterinária.
Outras decorações também têm um papel importante no bem-estar, já que algumas espécies têm hábitos noturnos ou gostam de ficar entocadas. O mesmo vale para as plantas artificiais ou naturais.
É possível decorar o aquário com iluminação em LED. Contudo, Shylei alerta que os peixes precisam ter o dia e a noite delimitados para evitar o estresse. Assim, também é fundamental escolher adequadamente o local onde o aquário será instalado.
“É necessário proporcionar o dia e a noite, então se optar por colocar um aquário na sala, é preciso estar ciente de que tem que ter um período do dia, em que a luz fica acesa, e momentos de escuridão. Os peixes podem ficar muito estressados se não proporcionamos fotoperíodos”, alerta.
Antes de montar um aquário, é fundamental buscar informações sobre as espécies que pretende criar e suas demandas, além de adequar as escolhas ao espaço que terá disponível para instalação. Consulte sempre um especialista para tomar as melhores decisões e garantir o sucesso do seu aquário!