Sua gata está esperando filhotinhos? Caso a resposta seja positiva, parabéns! Que momento feliz! A melhor atitude que você pode adotar, como tutor, é acompanhar o animal nestas próximas semanas com tranquilidade, deixando que a natureza cuide dos principais cuidados.
Cio
Antes de tudo, é preciso entender como funciona o período de cio do animal, que não possui um ciclo regular como o das cadelas, que entram no cio a cada seis meses. As gatas apresentam “estações de cio”, durante as quais entram e saem do período diversas vezes. “Na natureza, as gatas entram no cio com mais frequência, durante épocas do ano em que os dias são mais longos. Já o animal domesticado não responde a esse estímulo da mesma forma, até por conta da iluminação artificial de nossas casas”, explica a médica veterinária Regina Motta, do consultório Homeo Patas. Por isso, a sensação de quem divide a casa com o animal é de que a fêmea felina está frequentemente no cio. “Por esta razão, quem não tem intenção de que seus animais procriem costuma castrá-los.”
No período de cio, a gata ficará mais agitada, procurando esfregar-se em objetos, pessoas e outros animais. Pode também passar a urinar fora da caixa de areia, pois os hormônios contidos ali atraem o macho. “A fêmea também passa a emitir um miado bem específico, mais alto”, explica a veterinária.
Prenhez
“Se houver um cruzamento planejado entre fêmea e macho, é importante levar a gata ao veterinário antes que ocorra, para verificar se as vacinas e vermífugo estão em dia. Os anticorpos da mãe serão transmitidos aos filhotes por meio do leite, conferindo-lhes proteção contra uma série de doenças. A confirmação absolutamente precisa da prenhez só pode ser obtida por ultrassom. Em alguns casos, o médico veterinário pode, através da palpação, identificar filhotes no útero.”
É recomendável trocar a ração da mãe pela alimentação para filhotes, que possui maior concentração de cálcio e vitaminas, o que assegura boa nutrição para a gata e seus filhotes durante a fase de amamentação. Como toda troca de ração, essa mudança deve ser gradual, inicialmente fracionando a ração usual com porções do novo alimento. O veterinário deve acompanhar o desenrolar da gestação por meio de consultas periódicas.
Parto: interfira apenas quando necessário!
O parto deve ocorrer a partir do 57º dia de gestação até o 68º. A Dra. Regina explica que, após este período, é importante procurar um veterinário, pois uma cesariana pode ser necessária. “Caso o trabalho de parto ocorra naturalmente, a primeira coisa que o animal faz nos dias que precedem o parto é procurar um local que considere seguro para dar à luz. É importante respeitar a escolha da gata, a não ser que seja um espaço potencialmente perigoso. O primeiro sinal de que a gata vai entrar em trabalho de parto é sua agitação. O parto se inicia com as contrações.
“A primeira regra é não interferir, ou interferir o mínimo possível se for necessária alguma ajuda. Geralmente, por instinto, elas sabem fazer tudo sozinhas. Levar a uma clínica exatamente na hora do parto não é uma boa opção, pois o nível de estresse que você pode causar é enorme. Ao começarem as contrações, a barriga da gata irá ‘murchar’, tentando expelir os filhotes, um de cada vez. Cada vez que nasce um gatinho, a mãe rompe a bolsa que o envolve e começa o processo de limpeza do filhote, lambendo a cria e limpando os canais da narina para que o novo animal possa respirar. A seguir, ela corta o cordão umbilical mordendo-o.”
A fêmea prenha usualmente dá à luz de três a seis gatinhos. O trabalho de parto pode levar de uma hora a um dia inteiro, então…
Quando devemos ajudar?
Quando houver contrações sucessivas sem a completa expulsão do filhote, é importante que a gata receba auxílio. É possível ajudar tracionando, com delicadeza, a parte do gatinho que está exposta simultaneamente à contração, com movimentos leves e sincronizados ao momento de cada contração. “Em uma situação rara, mas não impossível, a gata pode não romper a bolsa amniótica, neste caso o filhote não sobreviveria. Então, é importante que essa bolsa seja rompida”, prossegue a veterinária. “Podemos fazer isto com a mão bem higienizada, pois trata-se de uma pele bem fininha. O cordão deve ser amarrado com um fio dental e, depois, cortado com uma tesoura desinfetada em álcool. Como já foi ressaltado anteriormente, é importante interferir o mínimo possível, pois corre-se o risco da mãe rejeitar o filhote que foi manuseado pelos tutores na hora do parto. É importante também estar atento se a gata irá permitir estas manobras. Algumas fêmeas, mesmo conhecidamente de comportamento dócil, podem tornar-se bastante agressivas nesta situação, pois estão protegendo suas crias”. Se em quatro ou cinco horas após o início das contrações nenhum filhote nascer, ou se houver algum outro tipo de complicação, o tutor deve procurar um médico veterinário.
As lambidas da mãe durante o parto e pós-parto são fundamentais para a sobrevivência dos filhotes. Pois, além de mantê-los limpos, elas estimulam as funções de urinar e defecar. Sem elas os gatinhos não são capazes de realizá-las espontaneamente nos primeiros dias de vida. No caso de filhotes sem mãe, ou rejeitados, é importante que os tutores estimulem a eliminação de excretas friccionando um pedaço de algodão umedecido em água na região do ânus dos gatinhos.
Pós-parto
Nos primeiros dez dias, os filhotes são totalmente dependentes da mãe, inclusive em sua regulação de temperatura corporal. Por volta das três semanas de vida, já aprendem a usar a caixa de areia. A separação dos filhotes deve ocorrer preferencialmente após os dois meses de vida.
Por André Spera