Por querer se aconchegar e ficar junto nas atividades cotidianas, o gato estimula quem sofre de depressão.
A origem da depressão até hoje intriga os pesquisadores. De acordo com Silvana Fedeli Prado, psicanalista e superintendente Técnica da ONG Patas Therapeutas, a doença tem componentes genéticos e pode ser desencadeada por componentes externos em conjunto com a estrutura psicológica da pessoa.
Pode-se desenvolver um quadro depressivo por diversos fatores, até mesmo por conta de acontecimentos cotidianos, como a carga de estresse ou ausência de uma atividade física. “Isso depende do histórico de cada pessoa. Não existe uma cura absoluta, mas elementos que podem aliviar o quadro. É importante buscar terapias e manter o paciente próximo às pessoas de seu círculo familiar e de amigos”, explica Silvana.
Segundo a especialista, os animais, como o gato, entram nesse cenário de uma maneira incrível, porque fazem com que o depressivo tire o foco de si mesmo para dar atenção ao animal de estimação. O gato se aconchega, quer carinho, quer ficar junto, e o paciente começa a receber esse estímulo. “Dessa forma, a pessoa passa a cuidar também de onde o felino faz suas necessidades, limpando a caixinha, oferecendo alimento, e tudo isso é bem-vindo ao cotidiano. Existem até mesmo gatos que passeiam com coleira”, diz.
De acordo com Silvana, esse movimento de para fora de si mesmo é importante, como se estivéssemos saindo da concha e buscando o mundo exterior. “Ter um animal por perto é extremamente benéfico. Quem tem um gato em casa sabe como eles são expressivos. Além disso, existem melhorias fisiológicas, como a liberação da endorfina, dopamina, oxitocina, prolactina e, principalmente, a diminuição do cortisol (conhecido como o ‘hormônio do estresse’)”
O gato também é um animal indicado para quem vive sozinho ou em espaços menores. Em conjunto com a presença do pet, compreender e dar atenção a quem sofre de depressão são elementos importantes para a melhora. “Às vezes as pessoas não entendem e podem confundir um quadro depressivo com falta de força de vontade. Mas é uma doença séria, da qual o paciente não vê saída. Do convívio, surge uma troca que impulsiona a vontade de fazer outras coisas. Claro que tudo deve ser feito com acompanhamento médico”, alerta a psicanalista.
Fundada em 2012, a Patas Therapeutas atua nas áreas de Atividade, Educação e Terapia Assistida por Animais. Profissionais e voluntários trabalham com pets como cães, gatos, coelhos e outros pets em asilos, hospitais e abrigos na cidade de São Paulo e em Porto Feliz.