O bebê está chegando – como contar a novidade ao meu cão?

Está chegando um bebê na família e vocês estão preocupados como o cão vai lidar com essa grande novidade? Alguns cuidados devem ser tomados, mas de maneira geral, o convívio é uma experiência extremamente benéfica a ambos. Quem fala um pouco sobre o assunto é Ricardo Tamborini, um dos mais respeitados especialistas em comportamento animal do Brasil.

 

“Quando estamos falando de uma criança ainda muito nova, que ainda não aprendeu a falar, olhar e expressão corporal cumprem com o papel da comunicação. Então, tanto o bebê quanto os cães reagem a esse estímulo liberando um hormônio chamado oxitocina, apelidado de hormônio do amor”. Ou seja, é a chance de criar entre os dois laços muito intensos.

 

Mas a cena ideal vai depender do nível de energia e adestramento do cão. “Se estamos falando de um cão de temperamento equilibrado e bem-educado, esse animal vai sim respeitar a chegada do novo membro da família. Mas, em diversas ocasiões, um trabalho deve ser feito para que um animal muito dominador ou agitado entenda que esse novo momento é positivo para ele”. Um cão ansioso, por exemplo, ao perceber a mudança de rotina da casa, ou o tempo dedicado à criança, pode se tornar “ciumento”. “Pode haver episódios como encontrar objetos destruídos pela casa, xixi e cocô no local errado e latidos”. Para amenizar, paciência e carinho devem estar na rotina. E, por falar em rotina, se possível, é importante manter o cotidiano do cão, com passeios e brincadeiras.

 

 

“Ou seja, é possível fazer com que as mudanças da rotina sejam benéficas ao integrante canino da família. Mas é importante mantê-lo ocupado. Novos brinquedos – que não sejam os da criança! – e muito carinho e atenção são o caminho para convivência harmoniosa”. O cão deve entender quais são os brinquedos dele e quais são os da criança, e qual é a hora certa de brincar.

 

Mas o convívio deve ser trabalhado aos poucos, e sempre acompanhado de um responsável. As lambidas devem ser evitadas nos primeiros dias de convivência, por exemplo, já que o bebê ainda está desenvolvendo seu sistema imunológico. Idealmente, mantenha-se por perto para evitar acidentes, já que um cão muito elétrico pode dar pisões, trombadas e mordiscadas que podem machucar sem querer. Outra boa dica é manter as unhas do cachorro bem aparadas, já que acidentes podem ocorrer.

 

A vantagem é que, ao longo do crescimento do bebê, o convívio é benéfico à saúde da criança. “Hoje já sabemos que o próprio pelo do animal, ao trazer microrganismos para dentro de casa, faz com que as crianças fortaleçam a saúde, principalmente em questões do trato respiratório e infecções. É como se esse processo acelerasse o amadurecimento do sistema imunológico das crianças”.

 

Além desse benefício, a opinião do especialista é a de que, na maioria dos casos, crianças que gostam e convivem com animais serão bons pais e mães no futuro. “É fundamental que elas cresçam participando, também, da educação do cão, desenvolvendo a noção de que é importante, além de brincar, também cuidar e proteger do animal”.

 

Ou seja, naturalmente, as principais atenções da casa irão voltar-se ao bebê, mas é importante não deixar o cãozinho “de escanteio”. É necessário lembrar que, além de serem animais sociais, eles têm complexidade além de um bom focinho e quatro patas. “Eles sentem solidão e carência, e podem até desenvolver quadros depressivos. Se um comportamento agressivo começa a transparecer, esse é o momento de procurar um profissional especialista em comportamento animal”.

 

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