Ganho de peso sem explicação, falhas na pelagem e apatia. Esses podem ser sintomas de hipotireoidismo em cães. A doença, caracterizada pela diminuição ou não produção dos hormônios Tiroxina (T4) e TSH (hormônio tiroestimulante) pela glândula da tireoide, é tão comum em cães quanto em humanos.
Uma das maiores dificuldades da doença endócrina é o desafio do diagnóstico, pois os sintomas são sutis, e às vezes, inexistentes no início. No entanto, é possível observar pequenos indícios no dia a dia. “Os principais sinais incluem ganho de peso, mesmo com alimentação adequada, falhas na pelagem, apatia, muito sono. Outro sinal de alerta é quando o cão sente muito frio e sempre procura sol para se aquecer”, explica Jéssica Corrá Guimarães, sócia da clínica Valle Vet, especializada em clínica e cirurgia de pequenos animais e Endocrinologia Veterinaria.
Qual a causa do hipotireoidismo em cães?
A predisposição genética é a principal causa da doença endocrinológica, sendo que algumas raças apresentam mais risco de desenvolver a doença, como Beagle, Borzói, Boxer, Cocker Spaniel, Doberman Pinscher, Dogue-Alemão, Golden Retriver, Labrador, Schnauzer miniatura, Teckel, SetterIrlandes,
“Na grande maioria dos casos, a doença é de caráter autoimune, ou seja, o próprio corpo ataca e destrói a glândula tireoide, causando uma série de problemas na vida do cão”, explica Corrá. Por ser uma doença de caráter genético e autoimune, não existe uma maneira efetiva de prevenção.
Como identificar a doença e tratar
O hipotireoidismo em cães tem um curso crônico, e muitas vezes é difícil ser notada pelo tutor no início. É comum a identificação quando o cão começa a apresentar sintomas mais clássicos, principalmente os de pele. “O tutor procura logo no início ajuda veterinária quando percebe que o cão está com áreas do corpo sem pelo”, alerta Corrá.
Com o avançar da idade, outros sintomas aparecem: com fadiga intensa, o cão dorme boa parte do dia. Além disso, sente muito frio. “Como os sintomas se confundem com os da velhice, o ideal é sempre levar o cão a um veterinário para check-up anual, sendo a maneira mais efetiva de diagnosticar a doença bem no início”, orienta a médica veterinária.
O tratamento é realizado com medicação que repõe o hormônio insuficiente. “Só a alimentação não trata o hipotireoidismo, mas ajuda. O T4 é um hormônio que depende de iodo para ser produzido, portanto, escolher ração de qualidade pode ajudar no tratamento”, explica.
Para o sucesso do tratamento e longevidade do cão, é preciso, em primeiro lugar, aceitação e comprometimento do tratamento pelo tutor. Com medicação adequada, acompanhamento anual para adequação da dose, alimentação de qualidade, o melhor amigo do homem terá mais qualidade de vida e vai conviver com a doença de uma forma mais agradável. “E, claro, muito amor e carinho reduz ainda mais os danos de uma doença silenciosa”, conclui.