Gatos podem ser mais ou menos arredios e desconfiados, ter atitudes mais agressivas ou demonstrar carinho com facilidade. Mas será que isso tem a ver com a raça de cada um? A médica-veterinária Cynthia Carpigiani explica que a genética pode influenciar no comportamento dos felinos, mas que outro elemento bem conhecido dos donos, que é a forma com que eles são criados, é mais decisivo.
“Geralmente, os gatos de raça tendem a ser mais dóceis, pois se espera que tenham sido selecionados também com esta característica, mas isto não é uma certeza”, explica. Um bom exemplo disso são os gatos siameses, que, apesar de serem de raça, são mais territoriais e tornam-se mais agressivos quando sentem que seu espaço está ameaçado.
Por esse motivo, Carpigiani afirma que o comportamento dos gatos está mais relacionado com a maneira como eles são criados. “Se crescem em um ambiente sem estresse e ameaças, podemos ter gatos sem raça absolutamente mansos e dóceis”, diz.
Por outro lado, os gatos semi-domiciliados, aqueles que ficam grande parte do tempo na rua mesmo morando em uma única casa, ou que vivem nas ruas tendem a ser mais arredios e desconfiados, já que costumam sofrer maus-tratos e precisam estar sempre atentos. “Os gatos são muito mais reativos do que os cães e podem ser muito fortes, rápidos e ágeis quando estão assustados ou quando se sentem ameaçados fora de seu ambiente normal”, afirma Carpigiani.
Isso significa que é bom ir bem devagar em um primeiro contato com os felinos que você não conhece. Primeiro, tente entender onde ele é criado (se passa mais ou menos tempo na rua) e como a raça se expressa e se comporta com estranhos. Só dê carinhos e toques se ele demonstrar que está aberto a esse tipo de contato.
“Quando o gato quer ser tocado, ele chega devagarinho, examina seu cheiro e esfrega os bigodes em você. Este comportamento está dizendo que ele te convida a iniciar uma conversa. Ele está permitindo receber carinhos na cabeça e dorso. Evite passar a mão na barriguinha mesmo que ele se deite, isto muitas vezes, pode significar um convite a brincadeiras de morder e chutar que podem fugir ao nosso controle”, explica Carpigiani. “Gatos nos ensinam e nos exigem respeito para depois nos oferecerem confiança e amizade. Bem diferente dos cães”, finaliza a veterinária.