Conheças as principais características do cágado-pescoço-de-cobra, representante da fauna brasileira.
Não é tão raro conhecer pessoas que já tiveram ou têm tartarugas como animais de estimação. No entanto, é muito provável que estejam se referindo a um cágado, já que as tartarugas são parentes que vivem no mar. “Cágados, tartarugas e jabutis fazem parte do grupo dos Quelônios. Basicamente, são diferenciados pelo habitat em que vivem, sendo as tartarugas as que vivem no mar, os jabutis os que possuem hábitos terrestres, e os cágados, aqueles de água doce” esclarece o médico-veterinário Fernando Figliolini, especializado em animais silvestres.
Dentro dessa família, uma das espécies de cágados mais interessantes é o cágado-pescoço-de-cobra. Eles recebem esse nome justamente pelo comprimento do pescoço, bem mais alongado do que a maioria dos quelônios. Além do pescoço mais extenso, esses cágados possuem uma forma bem peculiar de esconder sua cabeça: ao invés de retrair o pescoço para dentro do casco, eles o dobram junto à parte frontal do corpo, entre os dois braços. O cágado-pescoço-de-cobra é encontrado na região Sul e Sudeste do Brasil, e também na Argentina, Uruguai e Paraguai.
De acordo com Figliolini, o mercado legalizado de répteis no Brasil ainda é pequeno se comparado com os Estados Unidos e Europa. Por isso, essa espécie não é vista comumente em pet shops. “Nunca vi essa espécie ser comercializada legalmente no país. Porém, seu primo cágado-de-barbicha (Phrinops geoffroanus) é visto com frequência em algumas lojas especializadas”, afirma.
Habitat e comportamento
Animais aquáticos saem da água com bem menos frequência do que outros cágados. Por isso, quando mantidos em cativeiro, devem viver em aquários ou tanques. “Apesar de saírem pouco da água, é interessante que tenham a opção de algum espaço seco. Têm a pele sensível, então é muito importante que vivam em água limpa. Para isso, o uso de filtros e trocas parciais da água são essenciais. Como todo réptil, os cágados são ectotérmicos, então a temperatura de seu corpo é controlada pelo ambiente. Dessa forma, é muito importante controlar a temperatura da água para que possa ter seu organismo funcionando da melhor forma. Algo entre 26º e 28º graus é o ideal para eles”, diz o veterinário.
Esses animais podem ser bem tímidos no cativeiro e muitas vezes só vão aceitar presas vivas como peixes e minhocas, alimentando-se apenas se estiverem sozinhos. Mas, quando bem adaptados, costumam aceitar rações industrializadas próprias para a espécie. Outro detalhe importante é a necessidade de luz solar, que favorece a metabolização de cálcio no organismo. É importante que o animal tenha acesso a algumas horas de sol direto, ou à luminosidade de lâmpadas de UVB próprias para répteis.
Além da nossa versão sul-americana, espécies de pescoço mais longo são encontradas em outras partes do mundo também, como o cágado-pescoço-de-cobra-australiano, do gênero Chelodina. O cágado-de-barbicha, do gênero Phrynops, também é encontrado no Brasil e tem características físicas semelhantes. “Acredito na teoria da evolução de Darwin, então creio que a seleção natural favoreceu animais com pescoço mais longo. Eles costumam caçar peixes por emboscada, e o pescoço longo, além de permitir botes com maior distância, também permite que o animal possa chegar à superfície para respirar sem mover seu corpo, evitando assim espantar sua presa”.
Tem alguma dúvida ou seu pet precisa de ajuda? Você pode entrar em contato com o médico-veterinário Fernando Figliolini pelo número 11 98245 3355