Cães são animais que, naturalmente, precisam caminhar. A veterinária Carolina Rocha, fundadora da Pet Anjo e representante da Dog Walking Academy no Brasil, explica que antes do processo de domesticação, há milhares de anos, os cachorros caminhavam de 10 km a 15 km por dia em busca de alimento. Por isso, mesmo morando em casas e apartamentos, eles continuam precisando do exercício, ao lado de outros comportamentos naturais, como roer, morder e buscar por alimento.
“O cão que não caminha começa a ter problemas comportamentais. A caminhada não é somente exercício físico para o cachorro, mas também mental, e ajuda a evitar problemas circulatórios, locomotores e prevenir obesidade. Mas, por falta de tempo, ou desestímulo por comportamentos do cão que incomodam na hora de sair, muitas pessoas desistem de passear com o animal. Uma experiência que deveria ser agradável para ambas as partes acaba frustrando o tutor e ensinando o animal de maneira errada”. Mas como educar corretamente seu pet para um passeio agradável?
Com filhotes, a primeira coisa a fazer é socializa-lo a partir dos quatro meses de idade, explica Carolina. Antes das vacinas, você não deve colocá-lo no chão, mas mantê-lo no colo. “Muitos veterinários dizem que o filhote tem que ficar em casa, isolado, pois ainda não foi vacinado. Entretanto, se o animal permanecer no seu colo em passeios, sem contato com outros animais, não existe risco. Nesse passeio, ele vai começar a ouvir barulhos diferentes, de ônibus, motos, chuva, crianças… isso o acostumará aos estímulos do ambiente externo”.
Já vacinado, com coleira e guia, você pode começar dentro de casa. Ao colocar a coleira, você dá um petisco, apresenta um brinquedo ou faz um elogio, associando esse item essencial ao passeio com algo gostoso. Experimente primeiro a coleira, isoladamente, até que ele se esqueça que a está vestindo. Depois, repita o processo junto com a guia, depois de dois ou três dias.
Ao sair na rua pela primeira vez, tente manter o foco do cão em você oferecendo petiscos e sempre dando carinho e elogiando o bom comportamento com a guia e coleira. Ele deverá, assim, começar a andar do seu lado, sem puxar. Caso ele dispare na frente, ignore-o, reforçando somente o comportamento que você quer manter. De maneira nenhuma dê puxões na guia ou fale mais alto. “É normal, no começo, você não conseguir sair muito do lugar, parando sempre que ele comece a puxar a coleira, mas eles aprendem rápido e ao longo dos dias você verá a melhora”.
Cães adultos devem passar por um processo de educação semelhante, mas levam mais tempo para aprender novos hábitos. Por isso, em caso de dificuldade maior, um profissional especialista em comportamento animal, que trabalhe com técnicas modernas (sem o uso de punição), pode ajudar. Procure mudar de sentido da caminhada sempre que o cão puxar a guia.
Qual tipo de coleira e guia usar?
Existem vários tipos de coleira no mercado: colar normal, colar enforcador, semienforcador (chamado também de martingale), peitoral e cabresto. A veterinária reforça que o enforcador não é recomendado a nenhum animal, pois pode ferir o cão, sem proporcionar qualquer tipo de educação para o passeio. “Pode causar ainda problemas de esôfago, traqueia e veias oculares, e não é necessário machucar o animal para ensiná-lo a passear e aprender comandos”. O colar tradicional, ao redor do pescoço, pressiona o corpo do animal, mas sem machucá-lo. Para Carolina, não é o ideal para passeios, mas trata-se de uma coleira necessária, pois é nela que deve estar a identificação do animal, com telefone de seu dono.
As coleiras mais recomendadas são as peitorais com argola à frente do cão, no peito logo abaixo do pescoço. É ali onde deve-se encaixar a guia. “Ela funciona fazendo uma leve pressão no torso do animal. Quando ele puxa a guia, ele é virado para o lado oposto. Essa coleira não machuca, porque está em volta do tórax e tem um limite para a pressão. A coleira de argola nas costas, pelo contrário, ensina o animal a puxar, porque ela incentiva o reflexo contrário: o animal puxa pela frente, o dono puxa para trás. Isso só incentiva a puxar mais.
Para cães de grande porte são recomendadas as coleiras do tipo cabresto, que vão no rosto, semelhante ao equipamento para cavalos. “Não é uma focinheira, o cão consegue se alimentar ou beber água. Quando ele puxa para frente, a coleira puxa para o lado”, explica a veterinária.
Agora, munido destas dicas, você está pronto para arrasar nos passeios com seu melhor amigo!