A maioria das pessoas, quando pensa em uma abelha, imagina o inseto portador de um poderoso ferrão e produtor de mel, vivendo em uma colônia. Apesar dessa imagem clássica, existem mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo todo, incluindo abelhas sociais que não ferroam e outras que são solitárias e não produzem mel. E todas elas são importantíssimas para a sobrevivência do planeta.
A importância das abelhas para o meio ambiente está na polinização. “As abelhas e outros polinizadores animais garantem a reprodução da maioria das plantas com flores. Tanto nos ecossistemas naturais quanto na agricultura elas são responsáveis pelo aumento da produção e qualidade dos frutos e sementes. A polinização é, portanto, o serviço ecossistêmico que mantêm a base das cadeias alimentares.”, explica Katia Aleixo, bióloga da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.).
O que é a polinização?
Basicamente, o ato de polinização é a transferência de grãos de pólen da estrutura masculina para a estrutura feminina da flor. No caso das abelhas, elas podem promover a polinização quando voam de flor em flor para coletar seu alimento, ou seja, o pólen e o néctar. É o processo que antecede a fecundação e a formação dos frutos e sementes.
Nos ambientes silvestres, aproximadamente 90% das plantas apresentam algum grau de dependência pela polinização realizada por animais – o que inclui as abelhas, mas também moscas, vespas, besouros, borboletas, beija-flores, morcegos e lagartos.
A polinização feita pelos animais – principalmente as abelhas – beneficia a produção de 75% dos cultivos agrícolas no mundo (o nível de dependência varia muito, há cultivos muito e outros pouco dependentes). O valor estimado desse serviço de polinização animal gira em torno de US$ 235-577 bilhões anualmente.
No Brasil, mais de 60% dos cultivos apresentam algum grau de dependência por polinização animal, incluindo maracujá, melancia, melão, castanha-do-Brasil, maçã, morango, café, laranja, entre outros. “As abelhas são os polinizadores mais eficientes, pois a maioria das espécies alimenta-se exclusivamente de recursos florais, assim, necessitam visitar as flores obrigatoriamente”, explica Aleixo.
Como podemos ajudar na conservação das abelhas?
Sabe aquela abelha que invade o piquenique e fazemos de tudo para eliminar? Espantar sem matar é o primeiro passo para colaborar com o meio ambiente.
“Qualquer pessoa pode colaborar para a conservação das abelhas. Além de evitar a eliminação delas, seja por medo ou ao confundi-las com outros insetos, uma maneira fácil e direta das pessoas ajudarem na conservação das abelhas é cultivar plantas nativas que disponibilizem alimento e local para construírem seus ninhos, em jardins de casas, praças e outros espaços públicos”, orienta a bióloga.
Para colaborar ainda mais com o meio ambiente, buscar informação é um ótimo passo. “Conhecer sobre a rica variedade de abelhas existentes no Brasil e sua importância para a reprodução das plantas com flores, tanto nativas quanto cultivadas usadas em nossa alimentação, nos ajuda a tratá-las com mais carinho”, conclui.
No caso do Brasil, a criação da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) é um exemplo de ação pautada na divulgação de informações, com base científica, para informar a importância das abelhas para o Brasil e o mundo. Além de informações sobre a conservação da biodiversidade brasileira, a associação orienta sobre a convivência harmônica e sustentável da agricultura com as abelhas e outros polinizadores.
A associação A.B.E.L.H.A. possui um livro com sugestões de plantas nativas ricas em alimentos para as abelhas: http://eepurl.com/cQ04Wb