É preciso cuidado e atenção para detectar os sintomas, mas em alguns casos é até possível reverter o aparecimento da doença.
Você sabia que cães e gatos também podem desenvolver diabetes? Assim como na versão humana da doença, o tratamento adota doses de insulina para balancear os efeitos da falta dessa substância no corpo. “Mas o tipo de insulina aplicado pode ser diferente entre esses dois animais, e também de acordo com a etapa e estágio no qual a doença se encontra”, explica a Drª. Fernanda Fragata, médica-veterinária e diretora do Hospital Veterinário, Petshop e Hotel Sena Madureira.
Mas o fato é que, na verdade, existem vários tipos de diabetes, todas elas doenças que se definem pelo excesso de açúcares no sangue, e a incapacidade de eliminá-lo ou transformá-lo em energia para o corpo. Dessa forma, a diabetes mellitus – a mais “famosa” – não é a única que pode acometer cães e gatos. “A diabetes mellitus é ocasionada devido a uma insuficiência na produção de insulina, e essa enfermidade pode ser tipo I ou tipo II. Na primeira, não há produção de nenhuma quantidade de insulina, na tipo II, a produção é insuficiente, ou ainda, o animal apresenta alguma condição que o torna resistente à mesma”, explica Fragata. Nos cães o tipo mais comum é a tipo I, e nos gatos a tipo II. Além dessa, há a diabetes insipidus, que é um distúrbio no metabolismo de água, que passa a ser excretada de forma excessiva devido a ação do hormônio ADH (hormônio antidiurético).
O tratamento é feito geralmente com injeções que podem conter diversos tipos de insulina. O tipo NPH é o mais utilizado em cães, e a insulina glargina, em gatos. Já a insulina regular é a mais aplicada em situações hospitalares, em níveis extremamente elevados. Existem também os hipoglicemiantes orais, mas que levam mais tempo para surgir efeito. “Tanto para cães quanto para gatos a doença exige tratamento diário, além de medicações de suporte, e se houver, tratamento das doenças de base”.
Os sintomas podem variar entre as duas espécies, mas em geral os principais são: aumento da glicemia (quantidade de açúcar no sangue), ingestão excessiva de água, consequentemente, aumento da produção de urina, aumento do apetite, e de forma contraditória, emagrecimento. “Nos felinos, pode ocorrer uma alteração locomotora, levando a dificuldade para subir e descer de alguns locais. Estes sintomas são da diabetes, entretanto, a doença pode levar a patologias ainda mais graves, que se manifestam de forma diferente, como a cetoacidose diabética em cães, que provoca vômito, diarreia, apatia e perda do apetite”.
Mas o que pode fazer com que seu pet se torne diabético? “A doença apresenta diversos fatores como causa, portanto, é multifatorial. Dentro destes podemos destacar a utilização de fármacos (como corticoide) que geram resistência à insulina, destruição de células que compõem o pâncreas, predisposição genética, insuficiência renal, doença cardíaca, doenças metabólicas, obesidade, e por último, mas não menos importante a dieta – alerta a veterinária – uma vez que hábitos alimentares não saudáveis podem induzir e principalmente colaborar com o surgimento da doença”.
Em cães há raças com indivíduos mais propensos a se tornarem diabéticos, mas em gatos não há predisposição definida. Cães de raças como poodle, fox paulistinha, pinscher, cocker spainel, beagle, husky siberiano, rottweiller, yorkshire, dachshund, schnauzer, setter irlândes e pastor alemão possuem maior probabilidade, mas todo cachorro pode ser suscetível.
*Se o seu animal apresentar apatia, falta de apetite, ou qualquer outro sintoma que difere de seu comportamento normal, procure um médico-veterinário. Jamais ofereça medicação ao animal sem a orientação de um profissional.
Quadros transitórios
Nem toda diabetes é permanente! Em cães há a diabetes mellitus transitória, que é reversível. Trata-se de uma patologia que acomete principalmente as fêmeas. Já nos felinos essa condição é incomum. No caso dos gatos, se existe um controle de nível do sangue de maneira bastante rigorosa após a detecção da doença, mudanças na alimentação e a utilização de insulina glargina podem ajudar o animal a retornar para níveis glicêmicos normais. Assim, é possível reverter a dependência do medicamento.