Os olhos do seu cãozinho, assim como os seus, são terminações nervosas quase que diretamente expostas ao ambiente. Por isso, se detectar qualquer alteração no olhar do seu animal, é importante ficar atento.
A médica veterinária Carolina Rocha, mestre em comportamento animal pela Universidade de São Paulo (USP) e CEO da Pet Anjo, explica que os olhos são compostos por um tecido nervoso delicado, exposto facilmente a infecções, bactérias, agentes externos e traumas. A primeira coisa que deve ser feita com atenção é a prevenção, principalmente em cães com pelo mais longo. “Com uma tesoura sem ponta, você pode cortar os pelos que crescem próximo aos olhos do animal. Além de poder irritar, este pelo pode trazer sujidades”, conta.
Já algumas raças têm propensão a maior produção de lágrimas, que vão progressivamente secando e acumulando material ao redor dos olhos. Para estes animais, é importante que o tutor pratique limpeza periódica com água boricada ou soro fisiológico, com a ajuda de um pedaço de gaze, que é o tecido mais apropriado pois não solta fiapos. Entre as raças mais propensas à lacrimação estão Cocker Spaniel, Poodle, Schnauzer, Beagle, Maltês, Lhasa Apso e Shih-tzu, podendo ser comum também em todos os animais que têm os olhos mais “caídos”, tal qual o Basset Hound ou o Bloodhound. Na hora do banho, é importante que seja usado um xampu neutro. A irritação frequente dos olhos pode levar a uma úlcera de córnea.
Batidas, vento em excesso e mordidas também podem trazer riscos. “É muito comum que se deixe o animal solto no banco de trás do carro, o que é perigoso, porque além de proporcionar acidentes, o vento pode irritar os olhos do animal, principalmente se em viagens consecutivas”, aponta Carolina.
Outro cuidado importante diz respeito aos cães braquicefálicos, ou seja, de focinho achatado, como o Boxer, Pequinês, Buldogue francês e inglês, entre outros que têm o crânio com menor pálpebra e espaço para o globo ocular. “Dependendo da pressão ou do choque, o globo ocular pode saltar para fora do crânio, e em uma emergência como esta, é importante que o animal seja levado imediatamente a uma clínica veterinária. Este tipo de cão também possui maior tendência a desenvolver síndrome do olho seco, justamente pelo tamanho reduzido da pálpebra”, ressalta a médica veterinária.
A conjuntivite alérgica, viral ou bacteriana também pode estimular a lacrimação. A irritação ocular pode ser tratada com colírios anti-inflamatórios ou antibióticos, mas cada caso deve ser avaliado com o veterinário do cãozinho. Outros sintomas que podem indicar problemas oculares são: córnea enevoada (sintoma de possível glaucoma) e/ou lente do olho opaca (possível catarata).
Carolina também esclarece que, hoje em dia, é possível consultar médicos veterinários especializados em oftalmologia. “É importante checar a saúde dos olhos do cão ao menos uma vez por ano, e em cachorros mais velhos, com mais de sete anos, a cada seis meses. Se o animal está coçando muito o olho, procurando roçar nos tutores ou em objetos da casa, deve haver alguma coisa errada. Além disso, é essencial que o cão viva em ambiente livre de todo tipo de sujeira, com sua caminha e potinhos de ração e água limpos periodicamente”, finaliza.
Então já sabe, fique sempre de olho nos olhos do seu amicão!