Os gatos são uma espécie aventureira e exploradora. Quem tem um bichano precisa criar um ambiente onde ele consiga exercer seus comportamentos naturais dentro de casa. E não importa se a família vive em casa ou apartamento. Sempre é possível criar um espaço para ele aventurar-se em segurança na área externa.
“Quando possível, permitir que os gatos explorem um ambiente externo, como um quintal, pode ser muito benéfico para o bem-estar físico e mental. A atividade mental e física proporciona estímulos que os mantêm ativos e engajados. No entanto, é fundamental que esse espaço seja adequado para garantir a segurança do animal”, explica Nathalia Xavier, médica-veterinária e docente do curso de medicina veterinária do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba).
O acesso a áreas externas é uma maneira de enriquecimento ambiental, já que o felino pode observar pássaros, cheirar plantas e explorar diferentes texturas, cheiros e superfícies. Esses estímulos ajudam na redução do estresse e da ansiedade. Além disso, o gasto de energia nessas atividades ajuda o animal a ser mais calmo e apresentar menos comportamentos destrutivos, como arranhar móveis ou escalar cortinas.
Entretanto, nem todos os gatos gostam de ficar em ambientes abertos, a depender da personalidade e das atividades proporcionadas no dia a dia.
“Alguns gatos têm uma personalidade mais aventureira e curiosa, e tendem a gostar de explorar. Contudo, há animais mais tímidos e medrosos que preferem o isolamento, pois se sentem desconfortáveis em ambientes desconhecidos. Caso seja possível fazer uma adaptação, ela deve ser gradual, observando o comportamento e garantindo que ele se sinta à vontade”, assinala a médica-veterinária.
Como criar um espaço seguro para meu gato explorar fora de casa?
Seja um quintal, uma varanda, uma sacada ou mesmo uma janela, o primeiro passo é instalar redes de proteção no espaço para que o gato não fuja ou corra o risco de cair. É preciso usar um material adequado, como o polietileno, para que o animal não rasgue. Em quintais com muros altos, a recomendação é instalar telas no ângulo de 45º, assim eles não conseguem escalar.
“Uma possibilidade para casas com mais espaço é a construção de um gatil, fechado com tela ou rede para que eles aproveitem o ambiente externo sem risco. Podem ser montadas em varandas, pátios ou quintais, e possuem diversos tamanhos e formatos. Os itens podem ser comprados prontos ou feitos sob medida para se adaptarem ao espaço”, recomenda Nathalia.
Outra dica é incentivar atividades externas que promovam a saúde física e mental por meio de elementos que estimulam comportamentos naturais. Então, a família pode instalar arranhadores e postes de escalada, prateleiras ao ar livre, brinquedos interativos e fontes de água.
O espaço pode ser enriquecido com plantas, mas é preciso tomar cuidado porque algumas espécies, tais como lírios, crisântemo, costela-de-adão, comigo-ninguém-pode, antúrio e azaleias, podem ser tóxicas e até mesmo fatais quando ingeridas. Já valeriana, erva-cidreira e grama de trigo estão entre as opções seguras.
“Algumas atividades de interação com os tutores, como brincadeiras de caça e sessões de treinos com uso de petiscos, também podem melhorar a qualidade de vida dos animais”, exemplifica.
Por que não devo deixar meu gato dar “voltinhas” na rua?
Vale lembrar que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, os gatos não devem ter acesso livre à rua. Ao saírem de casa desacompanhados, correm o risco de acidentes, como atropelamento e ingestão de substâncias tóxicas, e contrair doenças, a exemplo da FIV (imunodeficiência felina) e da FELV (leucemia felina).
“Também existe a ocorrência de conflitos e brigas entre os animais, que pode resultar em ferimentos e infecções secundárias. Brigas frequentes afetam, ainda, o bem-estar, causando estresse e ansiedade”, adiciona Nathalia Xavier, do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba).
Enquanto a expectativa de vida de bichanos saudáveis que vivem dentro de casa é de 15 a 20 anos, animais com acesso à rua vivem no máximo até os 10 anos, sendo que a média é de apenas 3 anos.
Gatos podem passear na coleira?
Assim como os cães, os gatos podem passear na coleira. A adaptação deve ser cuidadosa e gradual, respeitando os limites do animal.
“É importante escolher uma coleira específica para gatos, que seja confortável e segura. Opções com formato de ‘H’ e mais leves são boas escolhas. A adaptação deve ser feita dentro de casa, para que o gato se adapte e consiga se movimentar espontaneamente antes de ser levado para o ambiente externo”, detalha a médica-veterinária.
Na primeira saída ao ar livre, é importante escolher um local calmo, sem muitos estímulos, e deve ser curta. Contudo, se o bichano não demonstrar interesse ou dar sinais de estresse, é melhor suspender os passeios e apostar no enriquecimento ambiental no próprio lar.