Problemas digestivos podem acontecer com todo tipo de pet. Cachorros, gatos, peixinhos e até mesmo as serpentes não estão livres de distúrbios como intestino preso ou obesidade.
Estes animais de estimação normalmente se alimentam de ratos ou camundongos, com uma frequência muito menor do que estamos acostumados com outros pets. O ideal é pesar tanto a serpente quanto a presa, e alimentá-la de acordo com uma porcentagem específica do peso da serpente. Porém isto muitas vezes não acontece. “O dono não quer tirar, por exemplo, um terço do rato para alimentar a serpente. Com isto, acaba dando um alimento maior do que o necessário para seu animal”, explica André Grespan, médico veterinário da clínica Wildvet. “Recomendo aos meus clientes alimentarem com mais frequência e presas menores ao invés de darem uma presa maior de uma única vez”.
Esta alimentação exagerada pode levar o animal a ter graves problemas digestivos. O mesmo acontece se a serpente viver num ambiente pequeno demais para seu tamanho, impedindo que ela se movimente corretamente. “Esta locomoção, no caso da serpente, tem um papel fundamental no funcionamento do intestino dela, ajudando o alimento a passar por todo trato digestivo sem parar”.
Problemas de digestão podem fazer com que a serpente regurgite a presa. Em casos mais graves, ela chega a desenvolver um Fecaloma – endurecimento das fezes no interior do cólon -, e não consegue defecar.
A hidratação é um dos principais tratamentos recomendados de início. André também descreve outro tratamento que pode ser utilizado: “existe uma técnica bem interessante, que pode ser feita dependendo do tamanho do animal. Você enche uma banheira de água, e coloca o animal para nadar. Os movimentos repetitivos que são gerados com este exercício facilitam a saída do alimento”. Em situações mais graves, será necessário um procedimento cirúrgico, para retirar o bolo fecal ressecado.
Novos tipos de alimentação para serpentes têm surgido no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi desenvolvida uma espécie de salsicha especial para as serpentes, feita de carne e outras substâncias. Mas não é todo animal que se acostuma a comer isto. “Não podemos esquecer que estes animais são muitos instintivos. É muito diferente você mostrar uma salsicha para a serpente em comparação a um rato”.
André enfatiza a melhor maneira de evitar os problemas digestivos nas serpentes. “O dono vai entender com o tempo e, se necessário, a ajuda de um especialista, as necessidades de seu animal até chegar na conciliação perfeita de frequência, tamanho da presa e espaço para locomoção”.