Cães e gatos: por que são tão diferentes?

“Animais são apaixonantes!”. Isso nós já sabemos.

Alguns preferem cachorros, outros não abrem mão de ter um gatinho. Se analisarmos a população mundial de cães e gatos, veremos que, em muitos países, já tem mais gatos do que cães. No Brasil, a paixão por felinos faz crescer cada vez mais o número de gatos como pet, mas ainda os cães são maioria.

Os catlovers dizem que os gatos são os animais do futuro. Não precisam sair para passear, fazem as necessidades só na caixinha, são limpinhos, não precisam tomar banho, vivem em espaços reduzidos, dormem de 16 a 20 horas por dia e ficam sozinhos sem reclamar. Já os apaixonados por cães, dizem que os cachorros são os melhores amigos, companheiros, obedientes e só faltam falar de tão comunicativos que são.

Tentar criar uma discussão entre donos de cães e os que adoram gatos é um erro. Cães e gatos são muito diferentes. Não pelo simples fato de serem espécies distintas, mas devido ao histórico de interação com o ser humano. Quer ver?!

História dos cães

Alguns estudos mostram que os primeiros canídeos (família do cachorro e lobos) começaram a se aproximar dos humanos há, aproximadamente, 33 mil anos. Nessa época, nós, seres humanos, vivíamos basicamente da caça. Muitas vezes não comíamos tudo e sobravam restos de comida. Nesses momentos, os lobos, raposas e chacais se aproximavam e roubavam o que desperdiçávamos. Os mais dóceis, menos medrosos, que permitiam maior aproximação humana, ganhavam mais comida. Isso aumentava sua chance de sobrevivência e de cópula (tinham mais filhos). Por isso, começou a haver cruzamento entre os animais mais mansos, gerando animais híbridos (misturados) entre lobos e o cão doméstico atual.

Esses animais, meio lobo meio cachorro, começaram a seguir e caçar com os seres humanos, devido ao seu comportamento sociável e costume de andar em grupos. Nesse momento, iniciou-se o processo de domesticação dos cães. Porém ele foi interrompido e retomado várias vezes em diversas regiões do planeta até chegarmos ao Canis lupus familiaris, espécie do cachorro doméstico atual.

E sabe como foi com o gato?

Há 12 mil anos, aproximadamente, no Oriente Médio, o ser humano começou a cultivar alimentos. Com a lavoura e estoque em galpões, vieram os ratos. Esses bichinhos danadinhos roíam as sacas e acabavam com a plantação. Onde há comida, há gato! O rato é um dos alimentos preferidos do gato. Assim, os felinos foram atraídos para as regiões onde os humanos habitavam. Muito arredios e desconfiados, os gatos não permitiam aproximação humana e sempre fugiam.

Em um certo momento da história, decidiram que o gato havia virado praga e que trazia doença para os humanos (algumas pessoas acreditam nisso até hoje). Houve uma caçada e muitos gatos foram mortos. Sem gatos, os ratos fizeram a festa (como no ditado popular). Não tinha quem os matasse. Eles se reproduziam a vontade e transmitiam uma doença muito séria chamada peste negra ou bubônica. Muitas pessoas morreram dessa peste. Então, decidiram trazer os felinos de volta.

Com o retorno dos gatos e diminuição dos ratos, essa doença foi controlada e os gatos vistos como heróis. A partir de então, muitas pessoas queriam tê-los perto de suas casas e até em seus navios para longas viagens. Com toda sua pompa e porte de rei, os gatos foram ganhando cada vez mais o coração dos humanos. Preguiçoso como só o gato é, começou a receber comida, engordar e muitos ficaram mais dóceis. Porém, todos mantém características do gato selvagem do Oriente (Felis silvestris lybica) do qual se originam.

Para saber mais sobre a domesticação dos gatos em alguns países, clique aqui.

Resumindo…

Podemos dizer que os cães estão há mais tempo entre os humanos. Eles tiveram mais tempo para se moldar aos nossos hábitos e nos compreender melhor. Já os gatos, ainda são felinos selvagens que têm muito em comum com os grandes felinos, como onças e jaguatiricas.


 

LUIZA CERVENKA DE ASSIS é bióloga, com mestrado em psicobiologia (comportamento animal) e pós-graduação em jornalismo. Porém, sua paixão por animais vem desde sua infância, quando frequentava a escola agrícola em Itu.
Há 5 anos trabalha como terapeuta de animais na sua empresa Bichoterapeuta.
Já teve como pacientes golfinhos, tartarugas marinhas, cães, gatos e até galinhas.

luiza@bichoterapeuta.com.br
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