Meu cão está lambendo as patas! E agora?

É comum que os pets se lambam em situações específicas, por exemplo, para limpar as patinhas após pisar em algo molhado ou para remover uma folhinha que ficou grudada no pelo após o passeio. Entretanto, se o comportamento está se repetindo com frequência, é preciso ficar atento, pois pode significar que algo não vai bem com seu cão, sendo um sinal de desconforto ou questões comportamentais.

Alir De Biaggi Filho, médico-veterinário e docente do curso de Medicina Veterinária da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), explica que a lambedura excessiva pode indicar que o cachorro está com alguma alergia, problemas de pele ou dores no local. Por isso, o primeiro passo é procurar um profissional, que fará os exames necessários para encontrar as causas do desconforto.

“A boca do cachorro não é estéril, carrega vários agentes infecciosos. Além disso, manter um local úmido, somado à temperatura do próprio corpo, favorece o crescimento de fungos e bactérias. Então, pode virar um ciclo em que o pet lambe constantemente, gera um processo inflamatório que, por sua vez, também pode causar um desconforto que levará o cão a lamber novamente”, afirma o médico-veterinário.

Quando o problema é comportamental?

Caso os exames não indiquem um problema de saúde ou o pet continue lambendo as patinhas após o tratamento, a questão pode ser comportamental. Cães ansiosos podem desenvolver comportamentos compulsivos. Neste caso, é necessário entender o que está causando o estresse para tentar solucionar o problema.

“Só vamos determinar que é comportamental quando excluímos as outras possibilidades palpáveis, ou seja, só se a lambedura continuar após termos feito todos os exames clínicos, raspagem das patas, cultura antibiograma com resultados negativos e administração de antialérgicos, além, é claro, de ter descartado problemas físicos, como fraturas”, assinala Biaggi Filho.

Tem solução?

Alguns animais podem ficar mais ansiosos quando a rotina, a alimentação e o gasto de energia não estão bem ajustados. Por isso, incluir no dia a dia passeios – desde que este não seja o motivo de ansiedade do cachorro –, enriquecimento ambiental e alimentação balanceada, com uma ração adequada à idade e ao porte do indivíduo, pode ajudar a melhorar.

“Precisamos entender em que momento ele tem esse comportamento, se é o dia todo, apenas quando está sozinho ou quando o tutor está em casa. Se notar que ele começou a lamber as patas, tente chamá-lo e colocar a atenção em outra atividade, como uma brincadeira ou oferecendo um petisco de maneira diferente, que crie um desafio. Precisamos canalizar a energia gerada pelo desconforto emocional em outros comportamentos”, orienta o médico-veterinário.

Na maioria dos casos, ajustes na rotina e até mesmo treinos com o auxílio de um adestrador – em situações cujo pet não consegue ficar sozinho ou fica estressado em situações de barulho extremo, por exemplo – ajudam a diminuir comportamentos compulsivos. Entretanto, se o problema persistir, pode ser necessário administrar medicações ansiolíticas conforme a orientação de um médico-veterinário.

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