Aves e idosos na TAA: uma relação mutuamente benéfica

Cuidar dos nossos velhinhos é uma missão de paciência e dedicação, que são recompensadas assim que entramos em contato com a história de vida das pessoas idosas e toda a bagagem que elas carregam. E, acredite se quiser, as aves podem ter um papel fundamental nesta missão.

Quando tratamos da Terapia Assistida por Animais (TAA), os penudinhos podem ser terapeutas tão competentes e estimulantes quanto cães, gatos e outros bichinhos. “Os benefícios da TAA com aves em idosos são inúmeros. Por pesarem em torno de 100 g, o manuseio das Calopsitas facilita o trabalho a ser realizado pelo profissional da área de saúde, principalmente na fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia”, explica Roberta Araújo, profissional especializada em Terapia e Atividade Assistidas por Animais, coordenadora geral do Projeto Pêlo Próximo.

A especialista esclarece que, na fisioterapia, as aves são utilizadas como fonte de estímulo na execução dos exercícios propostos, pois facilitam os movimentos e auxiliam o trabalho com a motricidade fina, a motricidade global, o trato respiratório e o equilíbrio. “Na terapia ocupacional, através da inserção da ave, observa-se uma maior predisposição na execução de tarefas que estimulam a memória e a solução de problemas”, diz Roberta.

Já na fonoaudiologia, a interação dos idosos com a Calopsita, por exemplo, estimula a produção e repetição de sons. “Por fim, na psicologia, a terapia desenvolvida com a inserção dos animais diminui a ansiedade e a dor em pessoas idosas – e, consequentemente, a ingestão de medicamentos também diminui. Além disso, existem casos comprovados na diminuição de sinais de depressão, pois o contato com animais aumenta os níveis de endorfina”, aponta a terapeuta.

E não são só os idosos que se beneficiam com esta interação, já que as aves que trabalham na TAA são bichinhos sociáveis, que se sentem bem e, de certa forma, são recompensados ao interagirem com humanos e receberem afeto e atenção.

Roberta relata que, certa vez, havia uma idosa com um quadro depressivo severo devido a um acidente doméstico no qual ela fraturou a cabeça do fêmur. “Ela se recusava a participar de qualquer tratamento que lhe era oferecido. Então, com o estímulo de uma das aves do projeto, ela não só concordou em receber o tratamento, como também se tornou muito mais receptiva na execução dos exercícios e até costumava ‘contar os minutos’ para poder ‘brincar’ com a Calopsita. O tratamento com a inserção da ave durou metade do tempo convencional e apresentou resultados extraordinários, como o retorno do ‘bom humor’, da disposição e a recuperação dos movimentos. No Dia das Mães, essa idosa que mencionamos, presenteou a filha com sua entrada no recinto usando apenas uma bengala para se apoiar”, conta a especialista.

Depois dessa, não resta nenhuma dúvida quanto ao poder benéfico da interação entre humanos e animais, não é mesmo?

 

 

Por: Paula Soncela
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