Quando falamos de Terapia, Atividade e Educação Assistida por Animais, contamos sempre com a colaboração de profissionais de Organizações Não Governamentais que atuantes nestas incríveis áreas. Desta vez, você vai conhecer o Instituto para Atividade, Terapia e Educação Assistida por Animais de Campinas – a ATEAC, uma ONG que esbanja profissionalismo e amor em seu trabalho.
“A iniciativa de fundar a ATEAC surgiu no final de 2004, após uma experiência pessoal da bióloga Silvia Ribeiro Jansen Ferreira. Seu filho, Daniel, portador da Síndrome de Asperger (autismo), obteve melhora significativa na sua capacidade social devido ao convívio com Luana, cadela da raça Labrador. Essa interação ajudou Daniel a defender sua tese de mestrado (foi o primeiro portador da síndrome a defender uma tese de mestrado no Brasil)”, conta Yasmine Souza, assessora de comunicação da ATEAC.
A ONG trabalha com:
– Atividade Assistida por Animais (AAA), que auxilia no desenvolvimento das relações, da afetividade e do controle do stress através de visitas e recreações;
– Terapia Assistida por Animais (TAA), que é um método interventivo e terapêutico que visa melhoria nos aspectos sociais, físicos, cognitivos, motivacionais e emocionais. O trabalho é realizado por uma equipe multidisciplinar que foca em um objetivo específico para cada pessoa ou pequenos grupos, com periodicidade pré-estabelecida, utilizando sempre o cão como mediador;
– Educação Assistida por Animais (EAA), que é o uso dos animais como recurso pedagógico na aprendizagem formal, por exemplo, incentivando na leitura e na escrita.
Os atendimentos são realizados em diversas instituições, entre elas: Adacamp, Pestalozzi, Corsini, CAPSi Carretel, Hospital Ouro Verde, Hospital de Clínicas da Unicamp, Hospital Mário Gatti, Hospital de Nova Odessa e Clínica Gênesis.
A equipe
De acordo com Yasmine, atualmente, são 65 cães ativos. “Também contamos com profissionais para a realização e manutenção dos atendimentos. Temos um veterinário, uma psicóloga, um fisioterapeuta e uma terapeuta ocupacional. O veterinário é quem aplica os testes para certificar que o animal possui o perfil adequado para os atendimentos. Já a psicóloga, o fisioterapeuta e a terapeuta ocupacional são responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento dos trabalhos feito nos atendimentos”, descreve.
Além disso, a ATEAC conta com mais de 70 voluntários humanos que acompanham os cães terapeutas ─ igualmente voluntários. Isso significa que a ONG não possui animais próprios.
Como ajudar?
Você não precisa ter um animal para poder ajudar. De acordo com a assessora, “qualquer pessoa pode se inscrever para trabalhar como voluntário na ATEAC, basta o desejo de ajudar o próximo. Se o dono do animal não puder trabalhar como voluntário, ele pode inscrever o animal que será ‘emprestado’ a um voluntário sem cão para a realização dos atendimentos. Para se inscrever, basta acessar o site e clicar no botão Voluntariado”, orienta Yasmine.
Além disso, também é possível contribuir com a ATEAC clicando no botão Como contribuir, na homepage do site. Os interessados podem fazer doações, comprar camisetas da ONG ou ainda se tornarem sócios contribuintes.
Histórias marcantes
Sílvia Jansen, bióloga e fundadora da ATEAC, conta que “todos os dias, atendimentos com crianças e adolescentes portadores de autismo nos marcam muito. Apenas o encontro das cabecinhas encostadas e deitadas no animal fazem com que eles se tranquilizem e cheguem até a dormir com sorrisos nos rostos. E isto é tudo!”, relata.
Sílvia relembra alguns episódios que surpreenderam a todos:
“Havia uma criança internada na unidade semi-intensiva, caso grave de patologia respiratória. Depois de muito tempo de internação e uma cirurgia de alto risco, os médicos não conseguiam estabilizar a saturação de oxigênio. De volta à UTI, ela recebeu a visita de um cão terapeuta Golden que, sentado ao lado da cama, começou a colocar a pata em seu braço. Em seguida, um Yorkshire foi aconchegado ao seu lado. A saturação, que antes estava em 88, foi a 100% e estabilizou. A emoção e a alegria de pais, médicos, voluntários e profissionais da ONG tomaram conta do lugar. Esta criança teve alta em poucos dias!”
“Também tivemos uma criança autista que nunca pronunciou nada verbalmente até os 10 anos de idade. Sua fala começou e se estendeu com o atendimento de uma determinada cadela terapeuta. Após a segunda visita, foi observada a articulação de um ‘au-au’. Em outro dia, um ‘vem’, até pronunciar o nome do animal. A persistência nos atendimentos e o grande vínculo com o animal resultaram em palavras pronunciadas por quem nunca havia falado e, muitas vezes, havia sido considerada ‘muda’ e incapaz de entender. Os estímulos certos e bem conduzidos da TAA resultaram em um ‘milagre’.”
Não tem como não se emocionar, né?
Por: Paula Soncela