Vem chegando o verão, o calor no coração e em todos os outros órgãos e tecidos do corpo. Em época de calorão, nós fazemos de tudo pra nos refrescar, desde ligar o ar- condicionado no talo e apontar o ventilador direto para o próprio rosto até andar com borrifador de água na mochila.
Ninguém está livre do clima quente das nossas terras tropicais, nem os pequenos animais que, aliás, podem sofrer muito se não forem bem cuidados no calor.
“Tanto os pequenos mamíferos, como os répteis, podem ser afetados pelo calor. No caso dos pequenos mamíferos de estimação (coelhos, chinchilas, porquinhos-da-índia, hamsters e outros), a temperatura ambiental deve ser controlada pelo proprietário, pois são animais bastante sensíveis”, aponta Thalita Michelle Queté dos Reis, empresária e médica veterinária, especializada em clínica e cirurgia de animais silvestres e exóticos, do Centro Veterinário Queté, em São Paulo
Pequenos mamíferos
A médica veterinária conta que, “dentre esses animais, a chinchila é o mais sensível, devendo ficar em ambientes com temperaturas de até 27°C. Em ambientes com temperaturas altas, o corpo desses animais não consegue dissipar o calor adequadamente, já que não possuem glândulas sudoríparas na pele, como nós, para eliminar o calor através de suor”, comenta.
As altas temperaturas não apenas incomodam os bichinhos como podem fazer com que eles literalmente morram de calor. Em um ambiente muito quente, “a temperatura corporal aumenta (hipertermia) e fica assim por um determinado período de tempo (que não precisa ser muito), podendo levar o animal a óbito. No organismo desses pequenos mamíferos, ocorre uma desidratação muito intensa, que provoca o aumento dos batimentos cardíacos. Nesta situação, geralmente, o animal fica deitado, podendo ocorrer convulsões e depois a morte”, alerta a Dra. Thalita.
Répteis
“Os répteis são animais ectotérmicos, ou seja, não são capazes de manter a temperatura corporal constante como os mamíferos, que são endotérmicos. A temperatura corporal deles sofre influência do meio ambiente em que estão. Apesar disto, estes animais tem a capacidade de termorregular sua temperatura corporal, ou seja, controlar dinamicamente a perda e o ganho de calor do seu corpo, procurando ambientes adequados às suas necessidades”, esclarece a especialista.
Os répteis também são prejudicados quando não lhes é provido ambiente e temperatura adequados. Segundo a Dra. Thalita, “no caso dos répteis como pets, se forem mantidos de forma inadequada, sem controle de temperatura ambiental, podem ter vários problemas de saúde como: desidratação, anorexia, queimaduras na pele e, inclusive, virem a óbito”, adverte.
Principais cuidados
Não precisa temer a chegada do verão e se mudar com seus bichos para a Sibéria. Basta tomar alguns cuidados básicos que tudo dará certo. “Sempre recomendo que, no local onde o animal esteja, tenha um termômetro na parede do cômodo e também um higrômetro [medidor de umidade]. Se possível, o proprietário deve ter ar-condicionado ou ventiladores disponíveis para o animal, principalmente chinchilas e coelhos. Lembrando que a corrente de vento do aparelho não deve ficar sobre o animal”, orienta Dra. Thalita.
Além disso, forneça objetos para o animal se refrescar, como pedaços de granito ou pisos cerâmicos gelados no freezer para que o bichinho possa se deitar sobre eles. “Outro exemplo são as garrafas do tipo PET com gelo dentro e cobertas por um tecido, na qual o animal pode ficar próximo para se refrescar. Muitos clientes têm construído tocas climatizadas para as chinchilas, que ficam acopladas às gaiolas dos animais”, indica a especialista.
Nos dias quentes, procure oferecer alimentos mais resfriados em vez de mornos ou em temperatura ambiente. Porém, não exagere na “frieza”, já que a comida em uma temperatura muito baixa – como a de um sorvete – pode acarretar doenças ao seu pet.
“Já os répteis precisam ter um controle muito bom de seu ambiente. No caso de viverem em quintais soltos, como ocorre com muitos jabutis, sempre deve haver água fresca disponível e sombra. Nunca mantenha o animal em locais onde ele não possa se abrigar da luz do sol direta quando quiser. Dentro de casa, ventiladores e ares- condicionados podem ser usados nos ambientes onde estão os répteis, mas sempre com cuidado e supervisão do proprietário”, frisa a médica veterinária.
De acordo com a especialista, no caso de répteis confinados em terrário, é indispensável a presença de um termômetro e de um higrômetro, além de uma área mais quente e outra mais fria dentro do recinto para que o animal possa escolher onde ficar.
Dra. Thalita explica que “por meio do termômetro, o proprietário analisa se precisa deixar a lâmpada de aquecimento ligada, ou mesmo tapetes ou pedras de aquecimento. Com relação à umidade, sempre disponibilizar água em recipiente adequado”, aponta.
Lembrando que a temperatura e umidade adequadas variam conforme a espécie de réptil presente no terrário, o que torna o conhecimento da espécie fundamental ao proprietário. “Sem estes parâmetros, fica impossível controlar adequadamente o ambiente onde está o animal”, finaliza a especialista.
Com esses cuidados, você e seu melhor amigo pet já estão prontos para curtir tudo que o verão traz de bom.
Por: Paula Soncela