Em um mundo repleto de histórias inspiradoras, algumas das mais tocantes envolvem a extraordinária relação entre animais com deficiência e seus humanos dedicados. Essas narrativas vão além dos desafios físicos, destacando a força, resiliência e o amor que permeiam esses laços especiais. Diante dessa realidade, emerge a necessidade de compreender e valorizar essas conexões únicas, desafiando estigmas e promovendo a inclusão desses pets em lares amorosos.
No Brasil, um dos exemplos é o projeto Cãodeirante, uma iniciativa comprometida em acabar com as desinformações, quebrar estigmas e proporcionar visibilidade aos pets com deficiência, que foi inspirado pela história do Marrom, um cão paraplégico que foi resgatado após um atropelamento.
“Notamos uma carência enorme de informações sobre os cuidados com um cão paraplégico. Até aprender a esvaziar a bexiga, foi uma jornada longa e solitária. Muitos veterinários não souberam nos ensinar”, afirma Sophia Porto, uma das fundadoras do Cãodeirante e responsável pela adoção do Marrom.
O projeto já destinou novos lares para mais de 40 cachorros. Um deles é a Julie, uma vira-lata (SRD) tetraplégica, que foi adotada pela voluntária Suiane Torres. “Eu e meu marido oferecemos um lar temporário à Julie para investigar a causa de sua falta de mobilidade. Mas logo de cara, nos encantamos pela doçura e determinação dela, e decidimos adotá-la meses depois. Além do amor incondicional, a escolha foi motivada pela percepção de que Julie poderia enfrentar dificuldades para encontrar um lar permanente devido à sua condição”, explica Suiane Torres.
Segundo a voluntária, posteriormente, descobriram que Julie sofre de meningoencefalite, uma doença autoimune possivelmente causada por cinomose (doença infectocontagiosa). A cadela faz fisioterapia, ozonioterapia e o tratamento medicamentoso da doença. “Nós já tínhamos outra cachorra cadeirante, então entendemos o quão especial é tê-las por perto. O quanto de amor elas trazem para a família e quanto aprendemos diariamente com elas. Elas já conheceram o pior de nós e ainda assim nos dão oportunidade de mostrar que nem todos humanos são ruins”.
Suiane ainda conclui que, ao adotar uma vida, com ou sem deficiência, a gente imagina que esteja salvando ela, e sim, “salvamos”. Mas o mais importante, que só entendemos depois, é que eles também nos salvam todos os dias.