A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma infecção parasitária causada por protozoários (Leishmania chagasi), sendo uma das zoonoses mais comuns em países tropicais e subtropicais. O animal é infectado a partir da picada do mosquito palha, também conhecido como mosquito pólvora, que é o único meio de transmissão, ou seja, um cão com o parasita não transmite a doença para outros seres, incluindo os humanos.
Uma vez no organismo do cachorro, o parasita ataca o sistema imunológico e se multiplica nos órgãos. Porém, pode ser difícil diagnosticar o problema, já que os primeiros sinais clínicos podem levar até seis anos para aparecerem. A estimativa é que 65% dos animais infectados não possuem sintomas ou apresentam sinais inespecíficos que podem ser confundidos com outros problemas de saúde.
“A leishmaniose é uma doença que tem sinais clínicos muito variados e pode ir de uma lesão escamosa na pele, uma ferida que não cicatriza, ao aumento dos linfonodos, popularmente conhecido como ínguas; emagrecimento e crescimento exagerado das unhas”, assinala doutora Rosely Bianca dos Santos Kuroda, docente no curso de Medicina Veterinária da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).
Inclusive, a demora para diagnosticar a doença representa um risco epidemiológico. Isso porque a falta de registro de animais infectados, assim como os protocolos adequados para frear o avanço do protozoário, aumenta as chances da LVC circular em uma determinada região. O descontrole é preocupante tanto para os cães quanto para os humanos, que também podem ser infectados se forem picados pelo inseto infectado.
Segundo a doutora Rosely, o mosquito palha, responsável pela transmissão, é mais comum em regiões rurais. Entretanto, cada vez mais estão sendo encontrados em áreas urbanas devido ao avanço das cidades em áreas verdes e ao aumento do desmatamento. Então, quando for viajar com seu pet, não esqueça de verificar se a cidade é endêmica, ou seja, se a doença circula no local.
Prevenção e tratamento
Atualmente, o mercado conta com uma vacina contra a leishmaniose canina. Contudo, a especialista afirma que o controle e a prevenção depende de uma combinação de fatores. “O uso de coleira repelente, além telas milimétricas anti-mosquito em portas e janelas são algumas ações importantes e a vacinação deve ser feita apenas se o animal residir em uma área onde os casos da doença são comuns. As medidas devem ser associadas”, explica.
A infecção pelo protozoário tem tratamento. No entanto, trata-se de um processo caro e longo, que deve ser feito durante toda a vida do cachorro. Por isso, a prevenção e o controle são a melhor saída. O protocolo terapêutico leva 28 dias consecutivos e deve ser repetido após uma pausa de quatro meses, período no qual o veterinário pode solicitar exames para acompanhar o desenvolvimento da doença e a saúde geral do animal.
“O tratamento é único para cães, não temos muitas opções terapêuticas disponíveis. Logo, o protocolo deve ser realizado adequadamente para evitar o retorno da doença de uma forma mais grave. O tratamento inadequado, ou a falta dele, faz com que a doença se manifeste mais gravemente, podendo até mesmo ser fatal”, adiciona a doutora Rosely.