Diferentemente dos cães, que foram socializados há muito mais tempo, os gato são considerados animais semi domesticados. O cachorro está na vida das pessoas há cerca de 40 mil anos, e foram selecionados para fazer parte do bando e auxiliar os humanos na caça. Já os felinos só começaram a fazer parte da convivência do homem há aproximadamente 5 mil anos, que foram aceitos como a sociedade, principalmente com o papel de caçar os roedores, os quais eram considerados pragas após o início da agricultura.
Por não serem totalmente domesticados, os gatos ficam mais reservados e com medo em ambientes novos, e isso causa estresse no animal. Para Mariana Fragoso Rentas, médica veterinária, formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, os felinos precisam de um atendimento especializado justamente para que o profissional saiba dar um diagnóstico assertivo, mesmo em situações adversas.
Para a especialista, o comportamento do cão é totalmente diferente do gato, ele não estranha o ambiente como o felino, o qual fica acoado quando não sente seu cheiro no local. “Normalmente, um veterinário especializado costuma ter, principalmente para esses animais que são mais assustados, o feliway, que é um feromônio sintético, que pode levar em uma melhora da situação do estresse desse animal e ter uma ambientalização melhor. Esse profissional também terá alguns brinquedos na sala para o gato possa interagir”, diz.
“O estresse que o gato sente em lugares novos pode proporcionar um aumento da glicemia, por exemplo, e isso afeta no diagnóstico, em casos de diabetes. Se o médico não tiver um conhecimento especifico da espécie ou não entender sobre o comportamento do animal, a parte fisiológica e uma forma estressá-los o menos possível, fica difícil atender um felino com segurança”, comenta Rentas.
Esse médico que faz o atendimento especializado tem que ter mais paciência com esse animal. “Mesmo o gato parecendo ser mais bonzinho que o cão, quando ele não conhece o ambiente ele vai se sentir retraído. E quando esse veterinário sabe lidar como o felino, o tutor automaticamente fica mais tranquilo para procurar sempre esse mesmo especialista”, ressalta.
Como se especializar
Hoje existem muitos médicos veterinários que têm se especializado em felinos e estão aptos a atender as diversas enfermidades. Atualmente é possível realizar cursos de comportamentos dos gatos, que vão auxiliar o profissional em diversas conduções, por exemplo: como estressá-los menos durante o atendimento. Além disso, também há certificados de práticas cat friendly, que trazem uma série de recomendações para tornar o tempo no veterinário menos traumático para gatos e seus familiares humanos, ao mesmo tempo em que garantem um atendimento de qualidade específico para felinos.
A especialista ressalta que há doenças que afetam só gatos ou só os cães, assim como existem medicamentos que podem ser tomados só por cães, para que não haja intoxicação, por isso é importante que esse veterinário esteja apto para atender todas as diferenças. “Quando o médico possui especialização no atendimento de felinos, fica bem mais difícil passar um diagnóstico errado ou um tratamento de forma inadequada, pois eles compreendem que os gatos têm suas particularidades”, conclui Mariana.