A história da relação dos homens com bichos começou muito cedo, quando os animais eram utilizados para proteger território, auxiliar em a caças e transporte de cargas. O homem sempre dependeu de interações com outras espécies para a sua sobrevivência, sendo antes para predação e, agora, é a era da domesticação.
É inegável que um cãozinho fazendo a festa quando o tutor chega do trabalho é uma sensação de alegria. “Os motivos para as pessoas obterem um animal de estimação são inúmeros, e alguns deles é o fato de que a interação espontânea e o amor incondicional criam uma relação de reciprocidade e bem-estar”, explica Juliana Pieroni, psicóloga mestre em Psicologia da Saúde e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie (@ju.pieroni).
Outro aspecto comportamental que também faz com que tantas pessoas desejem ter um animal de estimação em casa: ter um ser vivo que dependa unicamente do tutor fazendo com que a rotina deste humano mude ou se transforme. “Teorias do Desenvolvimento Humano apontam que é natural e saudável sentirmos necessidade de cuidar de algo que vá além de nós mesmos. Este sentimento de se sentir capaz de cuidar de algo, além de si mesmo, como cuidar de um a animal de estimação, geram sentimentos positivos, de bem-estar, além de empoderamento nos tutores em adultos, idosos ou até mesmo crianças”, acrescenta Pieroni.
A companhia também é um fator de relevância para que cada vez mais pessoas procurem pets para criar. Por mais que os animais não interajam com humanos da mesma forma (através da fala, por exemplo), as demonstrações de companheirismo, afeto e proteção são nítidas, e a reciprocidade intensifica a relação.
Para muitas pessoas, ter um pet de companhia pode ser também um recurso terapêutico para auxiliar no combate à ansiedade, depressão e stress. “No caso do stress, por exemplo, ter um animal de estimação é extremamente positivo, pois emoções negativas que podem ter sido vivenciadas pelo tutor ao longo de um dia estressante podem ser amenizadas pelas emoções positivas de bem-estar sentidas ao ter contato com o bichinho, seja em um simples abanar de rabo ou um convite do pet para seu tutor brincar com ele”, explica a psicóloga.
Quando isso pode ser um problema?
Apesar de ser completamente possível construir uma relação saudável e positiva entre humanos e animais de estimação, existem casos em que essa interação pode ser prejudicial, explica Pieroni. Quando alguém tem dificuldade de se relacionar com humanos e tem trocas afetivas apenas com animais de estimação, pode surgir uma relação patológica de dependência com o animal. “Quando o animal é o único contato social do indivíduo, é preciso ficar atento. O contato com animais é de extrema ajuda para o desenvolvimento humano, mas não deve ser o único. Para tudo é preciso equilíbrio”, conclui.