Diz a lenda que se os bigodes de um gato forem cortados, o animal perde seu senso de direção e equilíbrio. Apesar de haver uma explicação para o fenômeno, essa história não passa exatamente disso: um mito.
Os pelos táteis, ou vibrissas, cobrem boa parte da cabeça do bichano e vão dos bigodes às sobrancelhas e pontas das orelhas. Cada pelo é ligado a um órgão sensorial em sua base, que envia comandos diretamente ao cérebro. A sensibilidade é tão grande que movimentos no ar são capazes de estimular esses pelos.
Por isso, as vibrissas têm a função de auxiliar no tato e na movimentação do animal, bem como no bem-estar e autoestima. No escuro, por exemplo, os pelos sensoriais conseguem perceber perigos e obstáculos ao redor, mesmo que o gato não consiga enxergá-los.
“O bigode funciona como uma espécie de radar, dando noção de dimensão e distância. Quando cortado, o felino se sente frustrado por não conseguir, por exemplo, saltar de uma determinada altura sem se machucar, daí a alteração na autoestima”, afirma Luciana Deschamps, veterinária especialista em gatos, da clínica Sr. Gato.
No caso da perda desses pelos faciais, o bichinho pode se sentir confuso, mas nada que algumas semanas de espera não resolvam. É em felinos selvagens que a falta de vibrissas pode causar transtornos, pois são usados ativamente para caçar ou fugir de predadores.
Algumas raças, aliás, sequer possuem pelos faciais. Um dos traços do Sphynx, por exemplo, é não possuir pelos em parte alguma do corpo e é comum encontrar espécimes nascidos sem vibrissas.