Punição só funciona se for aplicada no ato da travessura

Você chega em casa e seu cachorro comeu o controle remoto. Ou o seu gato arranhou o sofá. Aplicar uma punição (como dar bronca mostrando a travessura) resolve? A resposta é não.

 

A punição só funciona quando é aplicada durante a travessura, ensina a médica veterinária Thais Fontes Braga. “O animal possui memória curta (semelhante à mentalidade de uma criança de 4 anos). Por exemplo, se ele fez xixi fora do lugar ou comeu algum objeto que não deveria, a bronca deve ser aplicada imediatamente, e não após minutos ou horas, pois ele não entenderá”, afirma.

 

Se o tutor consegue flagrar a travessura, as dicas principais são: ser firme e usar um tom de voz forte; usar esse mesmo tom de voz e as mesmas palavras sempre (por exemplo, simplesmente falar “não” enfaticamente); jamais utilizar o nome do animal ou agradá-lo logo em seguida à bronca; e nunca agir com violência, batendo, gritando ou ameaçando o animal.

 

“Outro ponto importante é o reforço positivo, principalmente no que tange à educação na hora de ensinar o local correto de defecar ou urinar”, explica a profissional. “Não devemos apenas dar bronca, mas, quando o animal acertar o local, parabenizá-lo e oferecer uma recompensa, como um petisco, um carinho ou uma ‘festinha’. Igualmente à punição, o reforço positivo deve ser realizado imediatamente quando o animal fizer algo corretamente.”

 

Borrifador e barulho

 

Conhecer a personalidade do seu bichinho pode ser um grande auxílio na hora de escolher a punição. “Alguns animais odeiam água: um borrifador ajuda muito na hora da bronca. Outros odeiam barulho: para estes, um chocalho ou até mesmo ‘bater’ com um pedaço de jornal enrolado sobre uma superfície, para fazer um som alto, podem funcionar”, diz Thais.

 

Dentro do aspecto da personalidade, alguns animais podem entender a bronca, mas achar que o que fizeram de errado está desagradando ao tutor – com isso, tendem a respeitar a ordem só enquanto há pessoas em casa. Ou aprontam para chamar atenção, entendendo a bronca como uma interação (ou seja, um reforço positivo).

 

“Em ambos os casos o ideal é, na hora da bronca/correção, não deixar que o animal veja que a ‘punição’ venha do tutor. Por exemplo, se o animal roer um chinelo, o tutor pode provocar um som alto ou usar o borrifador de forma ‘escondida’, sem que o animal saiba de onde vem o som ou a água, mas entenda que essa situação desagradável ocorre quando ele faz essa travessura. Nessa hora é bom evitar até mesmo olhar direto para o animal”, afirma a veterinária.

 

Por fim, questões comportamentais também podem ser influenciadas pela saúde física e mental do animal, além do comportamento do próprio tutor. “É preciso fazer uma autoavaliação. Será que estou dando a atenção suficiente ao meu animal? Será que ele não se sente muito sozinho ou enclausurado? Será que eu estou deixando meu animal mandar em mim e não estou oferecendo a educação adequada? Será que realmente estou sendo firme e conquistando o respeito dele?”, ensina Thais (thaisfontesbraga@gmail.com).

 

 

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