As calopsitas são aves inteligentíssimas. Quase iguais ao papagaio, quando confiam nos tutores elas aprendem a falar algumas coisinhas, assoviam músicas, voam até o dono e chegam até a comer em sua mão. Tudo se o proprietário separar o tempo necessário para interagir de maneira carinhosa com estes lindos pássaros.
Segundo a médica-veterinária Magda Izidio de Souza, da Clínica Veterinária Fênix, um adestramento com qualquer ave, de qualquer porte, deve ser feito na base da confiança. “É uma situação nova para ela, então ela tem medo do dono, de ficar sozinha, de muitas coisas. O dono precisa sempre acalmar a ave e deixar que ela se sinta bem e à vontade”, afirma.
O ideal é interagir em um ambiente tranquilo, com poucos ruídos. O tempo para as calopsitas também deve ser considerado. “Estes animais não conseguem se concentrar por mais de 15 minutos, então cada sessão deve ser feita dentro deste período”. Além disso, a pessoa precisa tomar cuidado para sempre fazer movimentos suaves perto do pássaro. Deixar com que, aos poucos, o animal se acostume com sua presença por perto.
Com o tempo, a ave vai adquirindo confiança em seu dono. Aí é o momento de observar o comportamento do animal e imitá-lo. Se ela cantar e emitir sons ao seu lado, tente fazer o mesmo de volta. Quando ela abrir as asas, abra os seus braços. Tudo para ajudar a melhorar o relacionamento entre os dois.
O próximo passo é oferecer alimentos na mão, como sementes, para ela comer. Enquanto ela estiver se alimentando, o dono aproveita para fazer bastante carinho em seu pet. Elogios e falas doces também são bem-vindos. “O proprietário deve posicionar a mão entre o peito e as duas pernas do pássaro – o que seria o “abdômen” dela – para isso”. Magda aconselha que este tipo de sessão seja feito próxima ao viveiro do pet. “Este é seu porto seguro. A ave pensa: ‘bom, se acontecer alguma coisa, eu tenho um lugar para ir’. Então, se ela se desesperar, você a coloca de volta.”
Depois de seguidas sessões, o tutor já pode tentar com que ela voe até sua mão. Uma dica é o usar uma luva de couro, evitando quaisquer machucados. Outro cuidado é o posicionamento do viveiro, que deve ficar na altura dos olhos. Dessa maneira, dono e ave ficam na mesma altura, e dá mais confiança para ela voar até ele. Se ela o fizer, não se esqueça de recompensar seu animalzinho. Uma boa recompensa para as calopsitas são as sementes de girassol, que elas gostam bastante.
O dono não pode ter pressa durante o processo. Magda garante que o segredo para a relação fluir é repetir à exaustão essas dicas, durante meses, para chegar neste nível de interação com seu pet.
Com aves jovens, o processo descrito costuma correr mais tranquilamente. Já as adultas podem ser um pouquinho mais complicadas. “O dono não sabe qual tipo de trauma esta ave pode ter sofrido. Ela pode ter vindo de uma casa onde gritavam com ela e a ameaçavam. Sem saber este histórico, pode ser mais demorado criar a relação de confiança”.
Se, mesmo seguindo estas dicas, a interação não correr como planejada, nunca seja rude com o animal, gritando ou fazendo movimentos bruscos perto dele. Pense em sua responsabilidade como tutor e nunca maltrate o seu pet! “A ave encara isto como perigo de vida para ela, e vai se encolher e fugir do dono quando o ver”, diz a especialista.