O camaleão é um lagarto que há muito tempo fascina os amantes dos animais em todo o mundo. Ele faz parte da ordem dos escamados, maior grupo de répteis na Terra, e que incluem também lagartos e cobras.
A espécie mais comum de camaleão hoje em cativeiro é o Camaleão do Iêmen. Como seu nome sugere, é uma espécie que tem origem em uma área do Sudoeste da Península Arábica. Mais especificamente desde a Província de Asir, na Arábia Saudita, até os arredores de Aden, no Iêmen. “Atualmente, devido ao comércio de animais de estimação, esta espécie tem uma nova população estabelecida na Flórida e outra no Havaí”, acrescenta André Grespan, médico-veterinário da clínica Wildvet.
Camaleões são lagartos arbóreos, então preferem viver no alto das árvores e, quando perto do chão, em pequenas plantas e arbustos. Esta, porém, é uma das poucas espécies de camaleões que toleram amplas escalas temperadas, embora eles prefiram viver em uma faixa de temperatura de 25 a 35 graus celsius.
André conta um pouco mais sobre o Camaleão do Iêmen. “Estes camaleões têm uma cauda prensil que funciona como um quinto membro, ajudando a andar entre os galhos das árvores. Seus pés também são adaptados para se apegar a ramos, e são bastante fortes.” As características únicas destes bichinhos não param por aí. “Eles têm olhos giratórios que agem independentemente um do outro: um pode se concentrar, olhando para a direita, enquanto o outro olha para baixo e para a esquerda. Suas línguas são pegajosas na extremidade e se estendem bastante para fora para capturar o alimento”, diz o especialista.
Há dimorfismo sexual nesta espécie, ou seja, machos e fêmeas têm corpos diferentes e que facilitam sua identificação. Por exemplo, o macho é maior e desenvolve um padrão de várias cores, como turquesa, amarelo, laranja, verde e preto. Já a fêmea é menor, e nela predominam os tons de verde, laranja, branco e, por vezes, amarelo. A expectativa de vida entre os gêneros também é diferente, com a fêmea vivendo até em torno dos cinco anos, e o macho até oito.
Os machos e as fêmeas se toleram somente quando estão prontos para produzir, já que estes camaleões são solitários e muito sensíveis ao estresse. André explica que os animais “são muito territorialistas e agressivos com outros camaleões, e por isso devem ser mantidos individualmente em habitação separada. Mesmo a visão de seu reflexo no vidro pode causar o comportamento territorial extremo, e faz com que o camaleão pare de comer”. No entanto, as fêmeas podem estar próximas umas das outras em qualquer momento, exceto durante a época de reprodução.
O camaleão é um insetívoro, e tem a capacidade de capturar presas projetando sua língua, que possui a ponta pegajosa. No entanto, o Camaleão de Iêmen pertence a um pequeno grupo de camaleões que também comem plantas. “Eles se adaptaram para comer folhas de plantas como fonte de água durante as estações secas”, explica André.
Apesar de comum nos lares brasileiros, é importante lembrar que o Camaleão do Iêmen também precisa de cuidados específicos, como todos os pets. “Exigem gaiolas altas para empoleirar-se, calor suplementar e luz UV, uma dieta de insetos variados e uma fonte de água que fique gotejando sobre as plantas. Eles obtêm a maior parte de sua água lambendo o orvalho de folhas e ramos, e são estimulados a beber pelo movimento da água”, finaliza o médico-veterinário.