Os gatos fazem muito sucesso entre os humanos, e isso acontece desde os tempos imemoriais. Segundo Carol Rocha, médica-veterinária, mestre em comportamento animal e fundadora da empresa de pet sitter “Pet Anjo”, uma das razões para isso diz respeito ao processo histórico de antropomorfização desses bichinhos (ou seja, a humanização do animal, que passa a ser tratado como se fosse humano, além de suas particularidades genéticas e biológicas).
Os gatos, pelas suas características comportamentais, como menor necessidade de estimulação e convivência com os seres-humanos, comparados com os cães, encaixam-se melhor no dia a dia de pessoas que vivem a realidade agitada das cidades, com tempos de folga mais reduzidos, ausências prolongadas do lar e morando em apartamentos cada vez menores, sem quintais.
De acordo com o IBGE, 17,7% dos lares brasileiros abrigam pelo menos um gato, e a estimativa para a população desses bichos é de 22,1 milhões vivendo em domicílios. Os cachorros são mais numerosos e estão em 44,3% dos domicílios, para uma população de 52,2 milhões, segundo o instituto de pesquisa.
Ainda de acordo com Carol Rocha, os gatos foram domesticados em época bem mais recente que os cães, o que faz com que ainda mantenham algumas características selvagens, como sua maior independência e seu instinto de caçador, por exemplo. Temos a impressão de que são os gatos que escolhem estar com os seres-humanos, não o contrário, embora, obviamente, eles também interajam e convivam muito bem com os seus tutores.
Os bichanos também estão cheios de curiosidades. Uma delas é o “mito” de só beberem água corrente (na torneira da pia, no box do banheiro etc), pois não são afeitos a matar a sede em águas paradas em potes. A explicação para tal comportamento se deve à sua história evolutiva, que por questões de sobrevivência perceberam que as águas em movimento são mais seguras para a sua saúde, uma vez que têm menos chances de abrigar algum tipo de parasita ou agente nocivo.
Outra característica curiosa é nas ocasiões em que eriçam os pelos e o rabo demonstrando agressividade, como se estivessem prontos para o ataque, como nos desenhos de Halloween. Na verdade, o gato que faz esse tipo de demonstração está com medo, e tenta se mostrar “maior” com o objetivo de afastar a pessoa ou animal que lhe transmite perigo.
E quanto ao “mito” de que os gatos não amam os seres-humanos? Também de acordo com Carol, isso não é verdade. Há estudos que demonstram que a citosina (o chamado hormônio do amor) aumenta quando estão ao lado de humanos.
Outra coisa muito importante: o felino não pode ser vegetariano, como querem crer algumas pessoas adeptas desse tipo de dieta. Carol alerta que eles têm uma necessidade muito grande de proteínas e precisam de alimentação carnívora. Ela diz que há casos de animais que chegam à sua clínica com bastante deficiência de proteínas por conta dos alimentos à base de vegetais dados equivocadamente por seus proprietários.
Por fim, a medica-veterinária recomenda estimular os comportamentos naturais dos bichanos com brincadeiras que simulem caçadas, por exemplo, usando brinquedos parecidos com ratos em movimentos rápidos; e com a “verticalização” do ambiente onde eles vivem, instalando prateleiras altas, mas seguras, para poderem observar estrategicamente suas “presas”, ou criar cantos para se esconderem como se estivem num ambiente natural.