Chegar a um lugar desconhecido, com gente estranha e cheiro diferente, é uma experiência que costuma dar bastante frio na barriga e ansiedade – basta lembrar do seu primeiro dia de aula na escola pra resgatar essa sensação. É mais ou menos isso que acontece com os bichinhos quando são trazidos para fazerem parte da nossa família.
Alguns seres se adaptam mais facilmente do que outros e, no caso das aves, devemos sempre estar atentos às características de cada animal para prover o ambiente mais seguro possível.
Princípios básicos para a boa convivência
“O primeiro passo para facilitar o processo de adaptação de um animal que vai conviver com outros pets é procurar saber sobre a espécie da ave que está sendo introduzida. De forma geral, o indicado é que aves da mesma espécie sejam mantidas juntas, já que espécies diferentes podem possuir comportamentos distintos. Um cuidado especial deve ser dado a animais de tamanhos diferentes, pois a ave de maior porte levará vantagem em uma briga. A alimentação de cada uma também deve ser observada, pois os alimentos serão oferecidos a todos no mesmo recinto”, esclarece Marta Brito Guimarães, médica veterinária especialista em animais silvestres da empresa de consultoria VetWings, de São Paulo.
Outro fator importante sobre a alimentação é saber se a ave é onívora (animal que come alimentos de origem animal e vegetal). “Por exemplo, um tucano, que é onívoro, pode se alimentar de canários ou periquitos, caso eles convivam no mesmo recinto. Mesmo se o contato for apenas temporário, durante o período em que os animais são soltos e os proprietários estão presentes, o tamanho das aves deve ser considerado já que eventuais brigas podem acontecer. Aves criadas juntas desde pequenas têm mais chances de se darem bem, principalmente se forem de espécies diferentes”, alerta a especialista.
Espécies de aves mais sociáveis
Se você já tem aves, cães ou qualquer outro bicho de estimação em casa, vale ponderar sobre a escolha do seu pet de penas e optar por um amigo que tenha mais habilidades sociais e mais facilidade para se adaptar ao novo espaço.
“Dentre as aves, os psitacídeos são considerados os mais sociáveis, como, por exemplo, os Papagaios, as Calopsitas e os Periquitos australianos. Estes animais precisam de companhia, seja de aves da mesma espécie ou de seres humanos, pois são inteligentes e muito sociáveis, podendo apresentar distúrbios comportamentais caso sejam deixados sozinhos por longos períodos”, indica Natalia Philadelpho Azevedo, médica veterinária especialista em animais silvestres, também da equipe VetWings.
Cuidados com a interação entre espécies
Por mais que conheçamos casos de puro amor entre aves e outros bichos e já tenhamos assistido a milhares de vídeos fofos de gatos e cães brincando com passarinhos, devemos estar sempre atentos e tomar muito cuidado com essa interação de “interespécies”, tanto para evitar que alguém vire comida, quanto para prevenir a transmissão de doenças.
“É contraindicada a interação entre animais domésticos, como cães e gatos, e aves. Mesmo cachorros e felinos dóceis podem representar perigo para as aves. Jabutis e Tigres D’água também podem representar problemas, principalmente para os Passeriformes, pois irão tentar se alimentar deles se tiverem chance – além da possibilidade de transmitir Salmonella (uma bactéria com potencial patogênico)”, recomenda Yamê Miniero Davies, médica veterinária especializada em animais silvestres, igualmente da VetWings.
Coelhos e Porquinhos-da-Índia podem ter uma convivência pacífica, mas não é aconselhável deixá-los no mesmo recinto sem supervisão. “Caso o proprietário treine o animal para interagir com a ave, é recomendado que essa interação seja sempre com supervisão”, adverte a especialista.
Por isso, antes de trazer seu lindo pet penudinho para o aconchego do lar, estude bem as características de sua nova amiga ave e sempre supervisione as crianças de pelos e penas (e humanas também, se houver, claro)!