É sempre bom ler ou ouvir sobre histórias de superação, de altruísmo e solidariedade, principalmente quando elas envolvem estes seres que amamos tanto, os cachorros. Por isso, vale a pena conhecer a história do Recanto dos Pit Bulls e seu incrível trabalho.
Situado em Goiânia, o Recanto é uma organização de voluntários que, atualmente, abriga mais de 60 Pit Bulls resgatados de maus tratos, que podem ser reintegrados à vida social por meio da adoção. O projeto surgiu com o intuito de mobilizar a sociedade para lutar pelos direitos básicos destes animais e para ir contra o preconceito que a raça sofre baseado no mito de serem “agressivos por natureza”.
A fim de prover o alojamento adequado para estes animais, o Recanto fica em uma chácara devidamente estruturada para atender às demandas específicas dos Pit Bulls resgatados.
“Cada um deve ter seu espaço individual, uma baia segura, reforçada e com tela de contenção. As pessoas devem estar preparadas para o manejo diário e para as confusões comuns do dia a dia, como separar uma briga em caso de fuga”, revela Meibel Pereira Veríssimo, diretora e fundadora do Recanto dos Pit Bulls de Goiânia, mestre em Posse Responsável.
Como os animais resgatados já são adultos e possuem uma bagagem e histórico de vida bem peculiar e sofrido, os interessados em adotar estas lindezas passam por um processo rígido de adoção. Contudo, os adotantes – que devem residir em Goiânia – podem visitar o canil do Recanto para tirar dúvidas com os colaboradores do projeto e receber orientações sobre Posse Responsável e noções básicas de Direitos dos Animais.
A jornada da criação do Recanto
“Comecei a trabalhar com Pit Bulls e similares em 2008. Na época, trabalhava com cães de raças diversas, inclusive pequeninos SRD’s. Um dia, em visita ao Centro de Zoonoses da Capital (Goiânia), a fim de verificar qual destino era dado aos animais errantes capturados pelo canil municipal, foi percebido que os Pit Bulls não tinham oportunidade de adoção. Muitas vezes, eram entregues por seus despreparados tutores que desistiam do animal pelos mais diversos motivos ─ e logo eram eutanasiados por serem considerados de uma raça sem perfil para adoção”, relembra Meibel.
Essa descoberta iniciou uma demanda judicial em pedido ao direito de reintegração de cães da raça. “Foram feitos muitos estudos e pesquisas sobre o comportamento, o temperamento, a genética e outros aspectos dos Pit Bulls para que o Ministério Público desse parecer favorável. Enfim, conquistado o direito de reintegração, estabeleci algumas diretrizes e políticas para um trabalho responsável”, conta.
Em 2013, numa investigação de porte ilegal de armas, a Polícia Militar descobriu uma chácara com 57 Pit Bulls amarrados em manilhas de esgoto em condições deploráveis e pediu ajuda para tratar o caso, já que havia suspeita de prática de rinhas. Começou, então, uma batalha judicial, uma vez que o tutor destes animais não queria abrir mão de seus exemplares de excelente linhagem.
“Esta descoberta me pegou de surpresa, já que eu bem sabia o trabalho que seria assumir a responsabilidade de 57 ‘Pits’. Como já tinha dez animais alojados em canil particular, seria um total de 67 cães. Foi preciso muita determinação, elaboração e persistência. Enquanto o pedido de tutela provisória rolava no Ministério Público, eu aproveitei minha popularidade nas redes sociais e divulguei o vídeo feito na oportunidade da primeira visita ao local e pedi apadrinhamento”, recorda a fundadora.
Meibel precisava de uma soma mínima de R$ 10 mil e tinha que contar com o comprometimento das pessoas. “Tão grande foi o abraço da sociedade que, em um mês, tínhamos quase todo o valor arrecadado. Neste período, também criei outra página que dei o nome de ‘Recanto dos Pit Bulls’, aluguei uma chácara com 40 baias prontas – que outrora tinha sido de um criador de Staffordshire – e formei uma equipe de voluntários. Ganhamos a reforma inicial da chácara da OMS Construtora porque não havia fiação, encanamento, nem nada, só a estrutura. Então, levantamos mais baias, fizemos um mutirão e, em exato um mês, a partir do primeiro encontro com eles, tudo estava pronto e a justiça liberou a retirada ─ tudo no ponteiro exato”, rememora.
Como ajudar
Quem não puder adotar um cãozinho, pode ajudar o Recanto dos Pit Bulls doando itens de alimentação e limpeza, como ração, comedouros, escovão, detergente etc., fazendo doações em dinheiro por meio de depósito bancário ou participando das atividades promovidas pela organização. Para sanar as dúvidas, basta acessar a seção COLABORAR do site ou entrar em contato com a equipe do Recanto.
E lembre-se: com o simples ato de compartilhar a informação, você já está combatendo o preconceito contra os Pit Bulls e ajudando milhares de centenas de cãezinhos.